Palavras assimétricas, morto o verbo,
resta-me a fixa dureza, das esquinas.
Lá onde tudo é polido, aprumando prédios,
filtrando pedintes e prostitutas, de hora.
Aqui sempre escasseia o sol e o sorriso,
que quem aqui vive, não o sabe, tão pouco.
Não vive, sobrevive, resto de alguma coisa,
amealhando sobras, que a cidade desprezou.
E a palavra vai no vão da virilha das escadas,
conspurcando-se no fétido da ferida cutânea.
Entre doenças terminais, tossindo o asco,
que logrou lugar, longe do olhar do Homem.
E assim chega a morte, descendo as esquinas
e os degraus, trazendo por fim alguma paz.
E os meus dedos são ampolas de sangue,
tingindo a vermelho vivo, minha insignificância.