Se eu partir,
e, tempo não houver
para despedir-me,
digas que fui-me ao anoitecer.
Mas, que no céu deixei a lua,
e as estrelas no firmamento.
Digas que fui com o vento.
Digas ao mar obrigada pelo infinito azul,
pelas ondas cantantes,
nas praias distantes
de norte a sul.
Às aves do céu, minha gratidão,
pelas manhãs barulhentas,
repletas de serenidade e mansidão.
Também ao vento, muito obrigada,
pelos recados costumeiros,
fiel mensageiro da minha saudade ...
Às flores d'almas e dos jardins,
das campinas sem fim,
meu amor por inteiro,
fiel e verdadeiro.
Elas perfumaram-me os
etéreos sonhos,
reais e derradeiros.
Se eu partir,
e tempo não houver
para despedir-me,
agradeças a chuva que regou
meus campos,
brotou minha semente,
embalou o meu sono.
Às montanhas altaneiras,
rios e cachoeiras
que meus amados filhos se banharam,
tudo o que sonharam.
Ao sol da manhã, obrigada,
muito obrigada,
pelo calor, e pelo brilho.
Aos amigos verdadeiros,
pelos afagos e palavras de amor,
que em minh'alma gravaram.
Aos meus pais, muito obrigada,
pelas canções com que ninavam-me,
pelas lendas e histórias que contavam-me.
Por todo amor que deram-me.
Pelos meus contos de fadas.
Agradeças por mim,
a todos os amigos
e imãos meus,
nossas brincadeiras lúdicas e sinceras.
E os segredos, guarde-os pela vida inteira.
Agradeças por mim, à todos aqueles
que fizeram minh'alma sorrir.
Se eu partir,
e, não houver ninguém para me ouvir,
quando encontrá-los,
digas que deixei-lhes
o que desde sempre tive em mim,
todo Amor sem fim.