Eu senti um deserto dentro de mim ...
Por que tanta secura?
Por que não mais acreditar?
Não sei, ouço risos ao longe,
passos a correr pelas areias,
mas serão reais dentro de mim,
ou apenas projeção do que um dia já senti?
Por onde estava correndo aquele rio
que irrigava minhas veias de alegria?
Onde estavam batendo as ondas
que quebravam na praia da minha beleza interior?
Continuo os risos a ouvir,
mas serão mesmo para mim?
Ou serão dirigidos àquela alma feliz
que um dia aqui residiu?
Agito-me!
Sinto que algo escoa entre meus dedos ...
Será o desejo que guardei
trancado a sete chaves
em meu baú de sonhos?
Não pode ser!
Ele me prometeu lá ficar escondido
até achar a quem dá-lo ...
Não quero esse deserto dentro de mim.
Luto bravamente contra as miragens,
não quero me enganar.
Quero mergulhar em águas frescas e claras,
quero minha alma feliz resgatar.
Aproveita coração, está chegando a Primavera!
Vista-se de flores, e as ofereça também.
Abra-se ao aroma doce da estação
e segure essa mão ...
Diga sim mais uma vez!
Quem sabe assim deixe de ser nômade, talvez ...