Estúpida carne,
incapaz de suportar
o fogo de tuas mãos sobre meu corpo,
teus olhos negros de céu sem luar!
Boba carne!
De ilusória matéria te vestes!
Que ao pó tornarás sem mistério...
À terra de onde viestes!
Incapaz de suportar os beijos
cálidos, molhados de amor...
Alguns suspiros e arpejos,
num quarto de pouca cor!
Fútil carne!
Escondes a alma que tens...
Ofereces teu cheiro e calor,
não vales sequer um vintém!
Não suportas o sexo exposto
em branco lençol de cetim...
Os lábios carnudos e vermelhos,
tentadores de carmim!
Fraca carne!
Que se arrepia aos seios dela...
Que treme por dois mamilos,
empinados sentinelas!
Pobre de mim, pobre de ti!
Por nada que vale a pena...
Fraco homem, fraca mulher ,
que a alma esconderam tão pequena!