Tive namoradas na minha adolescência,
por cada uma julguei delas todo o amor.
Entreguei-me à verdade, e, eis que sofri,
a indiferença, e, uma a uma, proscrição.
Por não saber mentir, fui-me afastando,
isolando-me de toda a correspondência!
conheci as pessoas amiúde, desgostoso,
com os falsos sorrisos, vagando ao acaso.
Desde aí passei a ser uma pessoa isolada,
entre jogos de interesse, onde nada valia.
Que, as palavras, ditas, levava-as o vento,
no entardecer das angústias mais sofridas.
Mas eu não havia nascido para ser apenas
isto! Não fugiria contudo, à minha génese.
Firme me mantive recusei-me aos ímpetos
tão pérfidos, como o primeiro dos Homens.
Julgando as coisas diferentes eis resolvi-me
casar, deixando pra trás meu lindo Portugal.
Demais é passado e este nunca nos sossega,
enfermo fiquei mais de ano até me resgatar.
De regresso, ao meu Augusto país, na cama
me acobardei, chorando ausências e faltas.
Porém, amigos de verdade, já pressentem,
mesmo ao longe que nós precisamos deles.
E eu tive-os, sim, resolutos em me amparar,
chamando por mim, incentivando-me a raiz.
Até que o tempo foi libertação, vera poesia,
surgindo como um novo fulgor: raiava o sol.
Mas faltava conhecer-te, aquela namorada,
que tanto preza nosso amor acima de tudo!
Ó companheira de todas as horas e silêncios
maior que a própria natureza, amada musa.
Bem-dito o dia em que te conheci, embora
já nos conhecêssemos, de outras andanças,
que longe se fizeram perto, e, o Sim foi tão
emotivo, que ainda hoje, não hei esquecido.