Com a graça leve de uma borboleta,
abres-me a porta para o teu abraço,
e enquanto dás-me teu ebúrneo braço,
o olhar envolvo na tua silhueta.
O perfume, o batom, a maquiagem
à tua beleza trazem benefícios,
porém supérfluos são tais artifícios
a quem dispõe de tão formosa imagem!
A mesa ali composta com carinho,
a música que a tudo se entremeia,
sobre a toalha a taça semi-cheia
de um bom, sangüíneo e capitoso vinho.
No brilho vivo da pupila acesa,
no rico arranjo do teu penteado,
espelhas, no decote bem cuidado,
requintes de rainha ou de princesa!
Teu rosto assume a rubidez do vinho
que ateia em nós a chama dos desejos;
teus lábios chovem sobre mim teus beijos
e o teu vestido eu abro e desalinho.
Teu corpo ao meu em louco abraço estreita
numa ânsia insana, lúbrica e felina
que anseia... geme... ferve... e só termina
no enlanguescer da fêmea satisfeita!