Tenho muita pena, de não ter continuado meus
estudos. Mas uma soberana imagem, tomou
conta de meu romantismo: ir trabalhar,
levando em minha mão, a mala com o almoço,
e, assim, sair para a rua, rumo a algo, que tinha
por grandioso.
Adorava levantar-me cedinho, preparar tudo,
arrumando bem a minha mala de couro,
despedir-me lá dos de casa, e, fizesse calor ou
frio, pôr-me a caminho da oficina, para
aprender uma profissão.
Naquela altura, lembro bem, dava-se valor a quem
trabalhava, não como nos dias que correm, onde
cada um passa por cima do outro, para atingir seus
fins sinistros e ainda nos olham de lado, simplesmente
por desempenharmos bem o nosso oficio.
Acabou-se o romantismo e o orgulho, pelo trabalho,
do dia-a-dia. Levantar inda mal raiava o sol, respirar um
pouco de ar à janela e vermos nossos companheiros,
dirigindo-se a seus postos, de passo firme a altruísta.
Por romântico ficaram-se as facilidades, para adquirir
cobiça, pelo que é dos outros. Fazer-se que se estuda,
para terem um carro, oferecido pelos pais, e, sair à noite,
embriagando-se, até encontrar a morte nas estradas.
Sociedade de plástico, onde o fútil é recomendável.
Mal-educados, que não respeitam quem trabalha e
se dão até ao desplante, de não ceder seu lugar, nos
transportes públicos, aos velhos, fazendo-os suportar
a viagem toda de pé e rindo-se, como cerdos na
engorda, satisfeitos com sua participação, nesta vil
sociedade, de bastardos e falhos de inteligência.