A rima é a minha tormenta.
Os versos não!
Os versos são como um rio,
Os meus braços na água,
Os meus pés no chão.
A rima é só a minha falta
De talento e imaginação.
Os versos não!
Os versos são uma cheia sem ruído,
Uma vaga de sentido,
Um pouco de calor,
Saudades do Verão e já no Verão
Inverno já caído de frio.
A rima é a minha tormenta.
Os versos não!
Os versos são a frescura
Desta corrida passageira
Que é viver pra logo morrer,
Uma brisa fugidia da secura
Onde maduro o grão,
Da seara à eira,
Malhado de ternura
E desfeito em pó
Moreno de brancura
Se dá em pão.