Acordo para a manhã, com o sol a
raiar-me nos olhos, novas providências,
outros caminhos, teu retrato de
encosto ao meu peito.
Levanto-me e vou à janela; uma brisa
suave invade todo o meu ser, atreito
às mais leves fragrâncias, emanadas do
jardim mais em baixo: cheiro de terra e
de beijo, que ainda guardo, da noite ida.
Encontrando-se o céu, de azul anil forte,
dou por mim a imaginar-me, atravessando
todos os Oceanos, que ainda teimam em
separar-nos, mas que eu faço para que
sejam logo ali, bem pertinho de nós:
pés descalços, por sobre a areia do mar.
Absorvido por todo este encantamento,
noto ao longe, teu olhar perdido, para além do mar,
até onde este toca com o céu e transmite
perfeita harmonia, de paz e serenidade:
em que não ouso interromper, tua graça de mulher.
De repente, invadida por ilustres e brincalhonas
gaivotas, que cercam-te por todos os lados,
dás por findo teu lauto vislumbre, e, de novo,
voltas para mim, sorrindo: com aquele sorriso
traquinas de criança, cheia de vida e de sonhos.
Só quem não sonha não alcança, o dia de amanhã!