Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

31
Mar 11

      Depois de muito pensar
      o que a pensar,
      pensando, fui achando,
      cheguei à dita conclusão,
      que, para tudo,
      há sempre uma Razão.

      Levei algum tempo no ar,
      a me doutrinar,
      o que a doutrina nos ensina,
      e a douta razão,
      é que todos têm direito,
      a escrever sua própria emoção.

      Por isso todos somos poetas,
      espoletas,
      flores e multicores,
      que nos dias de tristeza,
      fazem com que versemos,
      aquela incómoda incerteza.

      Para que os dias, passando,
      não nos vão tirando,
      a decência que é essência,
      em cada poema dito,
      lido e relido,
      porque na folha fica escrito.

      Assim viva todos os verves,
      se há equidade serves,
      a pensar sabes chamar,
      escreve com imaginação,
      o que outros vão ler,
      e se queres usa o coração.

     

publicado por SISTER às 13:25

      O amor, que, silencioso, traz-me ao pranto,
      a mim, que de não o saber, já chorei tanto,
      porque ora é amor, ora amor, ele já não é,
      enxugou-me lágrimas, sempre pelo meu pé.

      A muito já me resignei, verdades roubadas,
      convertidas em mentiras, ou transformadas
      em vãs palavras do algoz que me quis preso,
      que, por usar da franqueza, julguei sair ileso.

      Se assim, bem o julguei, pior, foi a sentença,
      que, sem que nada o fizesse, tive a descrença,
      de quem disse me amar e juras me prometeu,
      de um amor nobre, que, também fosse meu.

      Mas, a mim, que sou pobre, o direito a amar
      não possuo, inda que húmil, o possa chamar,
      porque me doo sem reticências, e, me puno,
      como um voltar ao passado, logo me desuno.

     

publicado por SISTER às 13:24

Junto ao precipício de mármore,
ondas revoltosas, impõe-se
contra as rochas, fragmentadas,
para depois, numa mansidão,
voltar ao mar de outrora, buscando
as próximas ondas arenosas.

Da minha lonjura, observo tudo
isto, e acentua-se tremendamente,
nas águas, o seu distinto vai e
vem, com ondas cavalo, de crinas
ao vento e galgos, de espuma branca,
enfrentando redemoinhos.

Mas onde o mar é mais plano, pontos
negros, de navios, no seu ir
algures, ou nenhures (depende de
minha imaginação), desenham-se a
a horizonte, com lassos fumos negros,
misturando-se com o azul celeste.

Algas aglomeram-se junto às pedras, e
pequenos (vistos de cima) leões-marinhos,
parecem brincar, com as verdes plantas,
que junto à costa, fazem seu poiso,
brincadeira para alguns, alimento
para outros, com alguns ovos à deriva.

publicado por SISTER às 13:23

               A noite vai fria lá fora,
                  onde todos os gatos são pardos,
                  e o rumorejar das folhas,
                  na silhueta dos muros,
                  caiados de branco, zurze
                  no silêncio dúctil,
                  acordando as horas, mais tardias.

                  Enquanto a lua, lá do alto,
                  espelha de prata, o volumoso rio,
                  e pequenas ondas se levantam,
                  à passagem mais acentuada,
                  da nortada de um vento,
                  que gela as orlas, dissimuladas,
                  pela acumulação da lama.

                  Se olharmos distraídos, para o céu,
                  vemos que as nuvens
                  estão prenhes de água, que
                  desembocará em chuva, assim
                  a madrugada vá firmando suas raízes,
                  na copa dos pinheiros, e
                  o vento, aumente de intensidade.

              

publicado por SISTER às 13:23

      Nos meus dias escuros,
      onde imaginário erro,
      e tudo o que digo é irreal,
      dou por mim, ilusório,
      a espreitar o sol à janela.

      Mas não há sol à janela,
      o que há é uma vontade
      de tê-lo, para o sonhar,
      nas árvores, nos rios, onde
      caiba a filosofia e a vida.

      A vida que já neguei, que
      de mim já perdido,
      fui buscar ao engano dos
      sentidos, meu pensar-me,
      não me pensando então.

      Ninguém sabe o que quer,
      nem para onde vai, nem de
      onde vem, olhos cegos à
      beleza, que os cerca, tão
      singela, naquela pedrinha.

      Não há como a Natureza,
      para me desobrigar e fazer
      sair do quarto obediente,
      ao que são minhas
      noites, só de sombras a haver.

      E é nos meus dias obscuros,
      que eu trago à memória
      os amigos, como flores,
      que, sendo bem cuidadas,
      são para todo o sempre:

      assim os amigos do coração!

     

publicado por SISTER às 13:09

29
Mar 11

Afirma-se que um famoso pintor do Renascimento, quando pintava um quadro sobre o Menino Jesus, após conceber e fazer os primeiros estudos procurou uma criança que lhe servisse de modelo para a face do Mestre, na infância.

 

Procurou em muitos lugares até encontrar um pequenino sujo, que brincava nas ruas. O menino retratava no olhar e na face toda a pureza, bondade, beleza e ternura que se podia conceber.

 

Explicou-lhe o que desejava e, ante a autorização da família, levou-o para posar no seu atelier, retribuindo-lhe o trabalho com expressiva soma em moedas de ouro.

 

Anos depois, o artista desejou pintar outro quadro. Dessa vez iria retratar Judas. E saiu em busca de alguém que pudesse lhe oferecer o rosto do traidor.

 

Em mercados e praças públicas, tavernas e antros de costumes perniciosos por onde esteve à procura, não encontrou ninguém que se assemelhasse, em aparência, ao discípulo equivocado.

 

Já havia desanimado de procurar e pensava em desistir, quando, visitando uma taberna de má qualidade, se deparou com um delinqüente embriagado, em cujo olhar e semblante se encontravam os conflitos do traidor, conforme a concepção que dele fazia.

 

A barba endurecida, a cabeleira mal cuidada era a moldura para o olhar inquieto, desconfiado, num rosto contorcido pelo desconforto íntimo, formando um conjunto de dor e revolta, insegurança e arrependimento ímpares.

 

Comovido com o fato, o artista convidou aquele homem para posar, ao que ele respondeu que só faria sob a condição de boa recompensa financeira.

 

O pintor começou a obra e percebeu, após algumas sessões, que a face congestionada daquele homem se modificava a cada dia, perdendo a agressividade e a perturbação.

 

Um dia resolveu perguntar ao modelo o porquê de tal transformação, ao que ele, um tanto melancólico, respondeu:

 

Posando nesta sala, recordo-me que há alguns anos, eu servi ao senhor de modelo para a face do Menino Jesus...

 

Eu sou aquele garoto em cujo rosto o senhor encontrou a paz e a beleza do justo traído...

 

O dinheiro que ganhei, em face da minha imaturidade, mais tarde pôs-me a perder e, de queda em queda, numa noite em que me embriaguei, por uma disputa insignificante matei outro homem.

 

Condenado num julgamento arbitrário envenenou-me de ódio...

 

Agora, pisando neste lugar outra vez, recordo daquele tempo e retorno, emocionalmente, a ele, e me acalmo...

 

*   *   *

 

Paradoxalmente, o mesmo indivíduo ficou retratado na face de Jesus Menino e de Judas, em duas fases diferentes da mesma vida.

 

*   *   *

 

Muitos de nós, simbolicamente, temos os nossos dias de traído e de traidor.

 

Dias em que trazemos na face a expressão da bondade e da ternura. E dias em que somos o retrato vivo do desespero.

 

É nesses dias difíceis que devemos buscar, emocionalmente, a serenidade dos dias de luz e seguir em frente, com vontade de imprimir, de vez por todas, a face justa e bela do nosso modelo maior, que é Jesus Cristo.

 

publicado por SISTER às 15:38

      Era o tempo, em que juntos, tudo
      fazíamos, e nunca nos negávamos,
      o namoro crescia mas agora mudo
      de mim, o nosso amor o trocámos,

      por palavras vãs sem nada dizerem
      e nem nada gravarem, na memória.
      Saberão as pessoas o que fazerem,
      quando mais nada resta da história?

      Se um não faz, não fazendo, incorre
      em erro, outro não faz, pois discorre
      que se ao primeiro, a falha, sua razão.

      Nunca ao abandono votei quem amo,
      sofri no corpo a dor da perda, o dano,
      que agora faz doído, este meu coração.

 

publicado por SISTER às 15:37

                  É com o entardecer, que há um
                  indistinto rumor, nas folhas,
                  pelo seu contacto, só
                  visível, a olhos que buscam nada.

                  As águas do rio são arenosas,
                  de um cinzento-escuro,
                  com laivos avermelhados, do sol,
                  que se vai diluindo, nos espelhos.

                  A lua, já vai alta no céu, de nuvens
                  aspergida, e o sol é de um
                  louro alourado, que vai subindo,
                  nas paredes, das casas.

                  A horizonte deita-se o mar, incólume,
                  e os amarelos e os castanhos,
                  explanam minuciosamente,
                  o plano das águas tranquilas. 

                  Grau a grau, as cores vão sumindo,
                  e na noite, que vem vindo,
                  pássaros partem,
                  em debandada, para outros sóis.

                  Leve, breve, a noite se anuncia,
                  com gatos fugindo,
                  por entre muros, e, nos candeeiros,
                  insectos voltejam, feito loucos.

                

publicado por SISTER às 15:36

      Leis foram feitas para não se cumprir,
      vide os déspotas, que para lhes fugir,
      o que deviam realizar, a bem do povo,
      mandam para a rua um exército novo.

      Depois da Tunísia, o Egipto é devoção,
      de seu povo, que quer livre sua Nação.
      Vive-se um clima de guerra e o ditador
      não cede, como um antigo Imperador.

      Os vis Militares, têm ordem para matar,
      mas os cidadãos não se deixam sonegar,
      e enquanto um cai à bala, outro avança,
      porque é consigo, os pratos da balança.

      Entre África, e o Médio Oriente, é nado,
      com o Mediterrâneo ao longe escutado.
      Árabes, o cenho, por trinta anos o delito,
      de seus governantes, por isso o conflito.

      E enquanto o povo tiver voz, e do algoz,
      evitar suas maxilas, seremos todos nós,
      a pelejar conjuntamente, um novo país,
      totalmente livre (e mais) liberto de raiz.

     

publicado por SISTER às 15:35

      Gardénias em teus olhos;
      leve brisa de folhas,
      nas árvores;
      o mar que se acalma, na
      palma da mão;
      vislumbre de jardins,
      nascidos no agora raiz.

      Sombras onde me deito;
      teu corpo restrito,
      ao pudor do silêncio;
      só o vento, diz voz,
      ou gorjeio de pássaro;
      passos apressados,
      na rua sito mais abaixo.

      Teus dedos, finos como
      marfim; sacudir de
      cabelos, asas de corvo;
      a despeito do amor
      a excepção; livre
      ambivalência, que nos
      põe a nu e salvaguarda.

      Ser-se, quem se é, no
      precipício apelativo;
      renegar ao amor, que se
      fez sofrido mas inteiro;
      tua boca, semi aberta, tem
      o pecado mesmo ao lado -
      encontrar-me-ás!

publicado por SISTER às 15:34

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