Ah, quando enxergo para o horizonte a despontar,
O medo me toma a alma...
Para trás deixei sementes
Algumas; hoje árvores de lembranças amargas...
Quantas vezes semeadas com amor, esperança e crença
E, logo, tomadas pelas ervas daninhas da vida
que fizeram de meus sonhos trevas...
'Como o amargo toma a alma...
Faz a lágrima roçar a face e o dia se faz nublado
Por quantas vezes quase me entrego...'
Dentre estas sementinhas a do amor:
A espera que se faz e a cada amanhecer a esperança,
Mas, ao anoitecer, sempre a mesma verdade:
- Agora, minha amante é a solidão!
Do que adianta queixar-me?
Lançar meu grito, percorrer vales, escalar penhascos
Se dentro de mim
o vazio tomado pela tua ausência toma-me a alma...?
Hoje,
Sem o sabor da paixão sobra-me a companheira poesia
por onde ainda posso sonhar que te tenho,
que nada aconteceu,
que meus castelos não foram tomados pela ruína do descaso...
Transformo-me em palhaço de meus sonhos-bobos
De abrir minha porta e te encontrar
Receber teu beijo e viver contigo o amor prometido...
Ah, este tempo...
Senhor dos senhores, por vezes amigo - outras; carrasco...
Por vezes a lançar-me entre os vales das lágrimas,
por outras; a lançar-me frente ao Arco-Íris do amor...
Ah, Tempo...
Faz com que tua cobrança seja-me a mais curta
Não quero sair da história debruçado em teus degraus,
E, sim; vencendo cada uma de suas imposições...
Agora, parto a ser só mais um palhaço sonhador!
Destes sonhos pequenos farei meu mundo
ladeado pelas flores das lembranças de nosso amor...
Podem derrubar as muralhas mais fortes,
dominar vulcões, vencer os oceanos,
Mas, nada será capaz
de fazer acabar o amor que senti por você
nem mesmo a poderosa 'senhora' morte...