Abraçam-nos
Apertam nossas mãos,
Fingem atingir as raias da compreensão,
Dançam nos limites de nossas limitações.
Oferecem a mão.
Por trás, inventam , sonegam, estendem a perna
Para um grande escorregão de quem estava
Desarmado ou disponível.
Esquecem tudo que já se lhes ofereceu.
Roubam sem pudor
E quando vamos procurar nosso próprio naco,
Respondem que “o gato comeu”,
E se tentamos retornar a um lugar cedido,
Dizem: - ”Quem sai ao vento, perde o assento”.
E logo conosco, que acreditamos
Na verdade inconteste: “faz a força, a união”.
Afinal “uma andorinha só, não faz verão!”...
Afasta com mil estratagemas, quem os auxiliou
E colocam em nossa boca palavras não ditas,
Inventadas por eles, malditas...
E nos entristece ver pessoas queridas
Caírem na rede que usam para nos derrubar
-e às vezes, a esses amigos inconsistentes
Preferem acreditar nas linhas dos novéis
Que em nossos antigos e fortes carretéis.
Fazem jogo duplo, são sonsos e traem amigos,
Porque traição perpassa pela deslealdade
E os liames da afetividade, da entrega, na amizade,
Tem a ver com confiança, afiliação, respeito.
Há os ingênios que se deixam enredar
Com histórias, artifícios, estratégias:
Sempre têm ciúme do Outro
E querem caminhar seus caminhos.
Esquecem que em uníssono
São mais ouvidas as vozes,
Mas se fazem surdos e mudos no conjunto
Enquanto registram idéias alheias.
Depois copiam os hinos e poemas, contos e causos,
Crônicas e opúsculos
Que e apresentam, assinando a autoria.
Voam condores e jogam-lhes pedras.
Voam beija-flores e esses invejosos
Queimam os jardins para que não possam
Polinizar nem encantar o mundo.
Voam borboletas e lhes arrancam as asas
Para fazer bandejas meramente decorativas.
Se é preso em jaulas e masmorras de incompreensão
Um coração poeta vão até lá, prestar pseudo-auxílio,
Oferecer soluções impossíveis de alcançar.
São capazes de ofertar empréstimos de préstimos
E sorrir quais aqueles que nos amam de verdade.
Viajam e surrupiam as possibilidades dos Outro
-que muitas vezes sequer as deseja:
Sob a pele de cordeiros mansos a balir,
São predadores insensatos, inconsequentes...
Consola-nos, no entanto, saber que embaralhados
Nas próprias maldades e mentiras
Caem quais as pedras frouxas numa avalanche de inconsistências...
Enquanto nós, resilentes e em paz,
Seguimos a trilhar as trilhas,
Embalados nos braços da Verdade
-dama que sempre reaparece, quando menos se espera...