Era uma tarde quente e abafada. O céu nublado ameaçava novas chuvas em uma região já castigada pelas enchentes e deslizamentos.
Em um posto de saúde, um grupo de médicos voluntários se esforçava para atender a tantos necessitados.
Em um dos consultórios uma das médicas voluntárias lê a próxima ficha a chamar e fica temerosa: sua especialidade não é pediatria. Mas, era preciso atender, pois não havia pediatra no local.
Invocando ajuda de Esferas Superiores, ela abre a porta e chama o próximo nome.
A paciente, de dois anos incompletos, entra no colo de sua jovem mãe, que trazia um sorriso nos lábios.
A queixa era de febre e falta de apetite. Estavam morando em um abrigo.
Apesar de recém chegada no local, a médica já entendera que era preciso escutar o relato daquelas pessoas que perderam tanto: familiares, amigos, pertences e a própria casa.
Perguntou, então, o que havia ocorrido.
A família saíra de casa quando a água começara a subir, e, na busca por um terreno seco, viu casas invadidas por água e lama, casas ruindo, vizinhos em desespero.
Não tiveram tempo para levar nada. Esperaram socorro molhados e com frio. Foram resgatados por bombeiros e levados a um dos abrigos improvisados. Após uma semana, a criança começara a ter febre.
O exame clínico demonstrou amigdalite. Providenciada a medicação, e, após as recomendações clínicas, despediram-se com um abraço.
A médica voluntária disse à mãe que procuraria orar por eles e ouviu a seguinte resposta:
Muito obrigada! Eu sei que Deus está sempre olhando por mim, pois nada me aconteceu. Minha família está viva, e eu pude contar com o socorro dos bombeiros, com o abrigo para ficar, e agora com o atendimento médico.
O resto, disse ela, a gente reconstrói. A vida é o mais importante.
* * *
Aquelas palavras marcaram a voluntária. Fechada a porta, a reflexão foi inevitável.
O sorriso da jovem mãe não lhe saía da cabeça. Chamou-lhe a atenção a gratidão que ela demonstrou a Deus. Nenhuma revolta, nenhuma reclamação, somente a gratidão pela vida.
A médica refletiu o quanto o Mundo Espiritual atua constantemente, nos permitindo aprender sempre!
Ela, que estava ali para ajudar, havia aprendido uma grande lição: quando a fé em Deus é verdadeira, o sofrimento parece menor, e a vida torna-se bem mais fácil.
Sim, a vida: uma chance maravilhosa de evoluir, resgatar, crescer e de amar!
Enquanto pensava, lágrimas lhe vieram aos olhos.
Agradeceu a Deus poder estar ali ajudando. Agradeceu por ter uma casa e uma família para reencontrar. Agradeceu por reconhecer que os problemas que acreditava possuir eram tão pequenos!
Então, com um sorriso nos lábios, levantou-se, sentindo suas energias renovadas.
Em seguida, abriu a porta e chamou o próximo paciente, certa de que poderia ajudar aquelas pessoas a celebrar o maravilhoso dom que lhes foi mantido: a vida!