É surpreendente observar com que freqüência as pessoas deixam de perceber
que seus valores profundos são tão únicos quanto as suas digitais.
Quando não temos consciência disso, sacrificamos determinadas coisas para
obter o que os outros consideram mais importante.
Um administrador de uma grande companhia de seguros descobriu, um dia, que
tinha câncer de cólon.
Ele foi o primeiro de uma família de agricultores a freqüentar uma
faculdade. Por isso, foi aluno excepcional.
No seu meio, era conhecido como um homem ambicioso, politicamente esperto,
que fazia da carreira a sua própria vida.
Seu câncer foi descoberto bem cedo e o prognóstico era excelente. Findo o
tratamento, seus colegas esperavam que ele retornasse ao trabalho bem
depressa, reassumindo suas funções.
Entretanto, dois dias depois de recomeçar, ele abandonou seu cargo. A
empresa imaginou que ele tivesse recebido uma proposta melhor de outra
empresa. Mas não era isso. Ele parou de trabalhar durante um ano.
Depois, comprou um belo pedaço de terra e mudou-se com a família para a
propriedade. Tornou-se agricultor.
Disse ele: desde o instante em que acordei da cirurgia, tive certeza de que
estava vivendo uma vida que não era a minha. Sofri muitas pressões dos meus
pais para alcançar o sucesso.
Eles estavam muito orgulhosos por eu ter escapado da vida dura que levavam
há tantas gerações.
Deixei-me envolver pelo desafio, querendo vencer. Mais tarde, simplesmente
continuei a me esforçar. Até que, em algum momento, deixei de ouvir a mim
mesmo.
Meu pai era um agricultor, como tinha sido seu pai e o pai de seu pai. Ele
detestava o trabalho que fazia, mas eu sou diferente. Eu compreendo a terra.
Ela é importante para mim.
Conheço este trabalho como conheço a mim mesmo. Sinto que pertenço a este
lugar.
Quando me sento na varanda de minha casa, admirando o imenso mar verde da
plantação, que dança gentilmente ao vento, sinto-me feliz.
As rosas que plantei, contornando a casa, me trazem o perfume do final da
tarde. E o mundo dos negócios está a anos-luz de distância.
Eu me sentia muito orgulhoso de estar vivendo, pessoal e profissionalmente,
de acordo com os meus desejos. Foi difícil enxergar que eu tinha me vendido
de uma maneira tão completa que nem conseguia perceber.
Agora eu sei que não importa o que se faça, mas sim como se faça. É isto que
nos alegra o viver e nos permite oferecer ao mundo o que há de melhor em
nós.
Isto se chama integridade. Já encontrei a minha.
***
Nossa vida é o negócio mais importante que devemos atender. Fazer as contas
de quando em quando é saudável e necessário.
E se descobrirmos que estamos operando no vermelho, que nosso capital não
tem crescido, que as nossas perdas são maiores do que nossos ganhos, não
temamos reajustar, mudar.
Não concluamos nossa vida em completa bancarrota. Invistamos na felicidade,
fazendo aquilo que gostamos de fazer. Assim, o mundo receberá de nós a nossa
melhor cota, a nossa maior contribuição.