Manhã feita. Cantam os pássaros lá fora.
E já desperto, olhando-te nos olhos,
resolvo sair da cama, em perfeito silêncio,
medindo meus passos, para não te acordar.
Quem te veja dormir, dirá de ti belo anjo.
E nada há, em teu ser adormecido, que não
estimule em mim, uma vontade imensa,
em te abraçar demoradamente, e, aí, ficar.
Sentir teu perfume inebriante, e, sem que
o percebas, tímido beijo, roubar-te, assim.
Enquanto, surpresa, bem lá no fundo, de
meus olhos, um extenso sorriso, se mostra.
Em sossego deixando-te, finalmente, fecho
a porta do quarto, atrás de mim, sem ruído.
E dirigindo-me à sala, abro cortinas e janelas,
deixando, que o brilho do sol, entre na casa.
Sem que a fome, já reclame, ou o meu corpo,
sinta necessidade, de alimento, abro um livro.
Um música toca a meio tom, uma velha canção,
de outros tempos, que, agora, não reconheço.
Nisto, o nosso gato cinza, enrola-se no meu colo.
E não largando nunca o livro, vou acariciando-o,
enquanto ele, sentindo-se satisfeito, com meus
carinhos, pula e salta e mia, todo feliz de sua vida.
Um leve bater de porta vindo do fundo do quarto,
diz-me que acordaste, de teu sono, de princesa.
E depois de te cuidares e de um beijo, deixado em
meu rosto, caminhas em direcção, à janela aberta.
Falas-me que, hoje, o dia, está mais bonito do que
de costume. Enquanto eu te digo, que bela és tu e
feliz sou eu, por te amar e por ti, amado me sentir.
Sorrindo um para o outro, abraçamo-nos, sem fim.