De que adianta o tempo e as estações

      mudarem em sua frequência?

      De que adianta as épocas...

      Se o tempo todo só tenho sua ausência.

      No outono, as folhas mortas pelo chão.

      Na primavera, não florescem minhas flores.

      No verão, o sol não aquecem meu coração.

      E no inverno, só... cultivo meus temores.

 

Quando o inverno em nossa vida chegar,

       a cabeleira branquear,

      rugas surgirem na face,

      deformando a pele, apagando o olhar...

      Ao inves de chorar, agradece!

      O que se perde de um lado,

      ganha-se de outro.

      Perde-se a beleza,

      ganha-se experiência,

      e a maturidade, com certeza,

      nos trara mais tranquilidade.

      Só não deixe enregelar o coração,

      sede de toda emoção

      que nos dá felicidade!
 

Não tenha medo do inverno,

      de sua frialdade,

      pois como a idade,

      quando ao inverno chegamos,

      mais sábios nos tornamos...

      Se com a neve do tempo,

      os cabelos branqueamos,

      isso não é contratempo,

      pois mais sábios nos tornamos...

      Não tema esse inverno,

      aguarde-o... desfrute-o...

      aproveite a experiência,

      aprenda a ter paciência...

      encare a passagem da idade,

      não como velhice,

      mas como idosidade...

      Se o verão foi bem curtido,

      a primavera lindamente florida,

      e o tombar outonal da folhagem,

      não atrapalhou a sua viagem,

      encare o inverno com coragem...

      Ele passará, como tudo passou...

      E nós passaremos também...

      

     

No tempo, na vida
      o inverno sempre vem,
      e quando o frio mais forte
      penetrar a alma.
      A geada rigorosa
      congelar sentimentos,
      tudo se fará tranqüilo.
      As árvores se tornarão
      grandes esculturas,
      e as flores cristais
      transparentes.
      As recordações
      dos dias quentes,
      aquecerão o corpo.
      A saudade dos
      raios de sol,
      será transformada
      em esperança,
      de que a vida
      irá mudar.
      Assim como muda
      as estações,
      e é nestas mudanças
      que tudo se faz
      perfeito.

     

Mesmo que as invernias
      nos tragam a geada do tempo,
      que enrijece os músculos,
      congela a alma
      e traz seriedade nas expressões,
      devemos contemplar
      as esculturas naturais
      que embelezam a paisagem
      por momentos apenas,
      onde o branco do gelo
      teima em nos ofertar
      algo diferente,
      pois, assim que os raios do sol
      acariciarem as horas do dia
      gradativamente
      tudo se modificará,
      a transformação é inevitável
      e com ela córregos
      penetrarão nas entranhas
      da terra.
      O verde surgirá,
      a calor aquecerá,
      a alma revigorará,
      mas a saudade
      da paisagem diferente
      fará com que recuerdos
      um dia tragam de novo
      as Invernias do tempo...

     
 

Sufocada está a minha teimosa verve...
Sufoquei-a com as minhas próprias mãos,
Pois que para nada mais... Ela me serve!...
Esta é a única e cruel verdade, meu irmão!

Pois que os tempos são de descomunal violência.
Tantos sonhos foram covardemente enterrados.
Tantos homens de bem... Perderam a crença...
Tantos mentirosos e cafajestes são ovacionados!
 
Bondade é apenas uma palavra doce e aliciente,
Que bem empregada pode fazer muitos reféns...
Pode imolar almas despreparadas e inocentes...
Abater o Zé do povo, analfabeto e sem vintém!
 
Meus sonhos já não são sonhos. São pesadelos
Que gritam desesperados. Está perecendo o mundo!
Sucumbem muitos todos os dias de tiros certeiros...
Perdem-se muitas vidas nas garras de vagabundos!
 
Não! Não quero mais disparatadas ilusões!
Calo a poesia que teima em falar de amor.
Sem notar maltratados e desvalidos corações.
Sem ouvir dos injustiçados o pungente clamor!
 
Meu coração já não quer mais falar de poesia...
Não há poesia alguma na ponta de um canhão,
Não há rima para tanta crueldade e covardia!...
Chega, basta de ver tanta desgraça e perversão!
 

Felicidades ou tristezas, falhas ou proezas.
Sem entender a existência,
continuo a viver.
Sem entender a vida,
continuo a fazer, o que fizeram antes de mim,
sem entender por quê fizeram.
Ainda não sei onde começaram as dúvidas
e os outros, que pelas sombras percebe-se
que estão ao meu lado, também não sabem.
Duvidar do que nos falam não é errar.
Pois o saber não faz parte desse mundo.
E sem entender o saber,
continuo a duvidar.
Sem entender as dúvidas,
resolvi não existir e expeli do meu corpo
a minha essência, assim envenenando, sufocando
e devorando o nada que eu sei.


 

Quando era menino, na escola andando,
      lembro-me ser defensor dos mais fracos.
      Pois não suporto usar-se de maus tratos,
      àqueles que, por timidez, lá iam levando.

      Era uma espécie de arauto, e irmanando,
      o bem estar de cada um, todos os relatos
      chegavam até mim, pedrinhas nos pratos
      esperando a vez em que ia aconselhando.

      E até para pedir permissão para namorar,
      a mim se dirigiam, prontos de esperança,
      com olhinhos vagos ansiando comemorar.

      Enorme responsabilidade a minha, eu sei,
      e a grande satisfação de uma nova aliança
      conquistada; e eu apenas fui e até alvitrei.

     

Que idade eu tenho
não tenho idade, tenho momentos
sou a soma de todos os momentos
por mim vividos

E tenho dentro de mim todos eles vivos
Sou o momento do instante certo
como amante, o momento adolescente
o sábio momento,  como homem maduro.

Sem ser infantil tenho meus momentos de criança
e assim vivo minha vida , adequando a situação
ao compativel momento, e vivo sempre ,
ajustando a razão as coisas do coração

Com a liberdade da intuição
sem qualquer prentensão
apenas o compromisso com o presente
Vivendo minha vida sempre com paixão

 

Caminho infindos lagos
                  tanque ornamental em jardim 
                   banho nessas águas
                  viajando
                   embarcação cujo vento que sopra
                  determinando destino
                   impossível precisar definir
                  culto secreto
                  caracterizando louvor dos mistérios
                  enaltecendo
                  rosa que exala expressão orvalho cristalino
                   chuva de centelha cascata de água
                  queda-d'água gota límpida
                   refletindo imagem com nitidez
                   pureza da pérola nascente de um rio
                   natureza cenário natural
                  dando forma dos seres das coisas
                   Retorno Ser restituída
                  avançando com sucesso otimista
                  atitude com paciência escutando com prudência
                  aspiração com determinação
                  distanciando-me da arrogância
                   prepotência ou desprezo
                  humildade com dignidade demonstrando gratidão
                  agradecendo ao Pai Maior.
 

És tu, mulher
      Perfume da flor ao amanhecer.
      Como o jasmim, és doce e efusiva.
      Provedora dos sonhos ferteis.
      Flauta desguarnecida, onde sopra o vento.
      Tocha que ilumina o arena
      onde o homem joga tudo por tudo.
      Ninho onde se incuba o amor recém nascido.
      Olhos eletrizantes; becos
      fundidos na noite, sem saída
      possivel nem regresso.
      Brisa da manhã recem nascida.
      Estrela derramando-se desde a lua dourada.
      Jardim florido e espetacular.
      Ternura contida em ato puro.
      Alvo de tantas flechas impossiveis.
      Caracol esperando o suspiro do homem
      para fazer-te sonora.
      Caule onde ascende a seiva enriquecida.
      Sede de brotos frescos desejados
      Namoro da terra onde teus pés florescem
       Ninfa que cria rios, caminhos musicais.
      Colmeia de me encontrado no rochedo.
      Janela de suave luz pura.
      Sedutora de dardos irresistiveis.
      Pastora dos vales onde o amor floresce.
      Facho de lua cheia sobre os rios.
      Frenesi da aurora feita perolas em seus olhos.
      Maçã que apetece ser saboreada.
      Ninho onde os passaros incubam seus cantos.
      Sombra onde descansam as palpebras feridas.
      Grão de sal marinho que a tudo tempera.
      Pomba mensageira com asas de jacinto.
      Paz que sempre se espera e  culmina.
      Flor de onde as abelhas fabricam seu mel.
      Ventre onde se amansa o fogo.
      Arvore florida onde os passaros ensaiam
      seus cantos melodiosos.
      Orgasmo para olhos que te miram
      Fragancia onde se fundem os corações de aço.
      Incerteza cruel da margarida.
      Espelho onde Deus se mira e reflete
      ao alcance do homem.
      Tudo isso és tu , Mulher.
      Sem voce o homem
      tão somente é um pedaço de barro sucumbido.

 

Um dia, quando já formos velhinhos,
            co a ternura da vida, por companhia,
            hei-de levar-te, no frescor da manhã,
            as rosas mais bonitas, para te ofertar.

            Teu primeiro gesto, depois do agrado,
            será um leve rubor em todo teu rosto
            com as palavras a fugirem-te sem ter
            querer, e, longo beijo, então selamos.

            Com toda a cortesia pedes-me pra vir
            para dentro de casa, e, bem juntinhos,
            um doce aroma toma conta do recinto,
            co cheiro a bolinhos acabados de fazer.

            Com a perícia de uma cozinheira, abres
            o forno, e, minha vista, perde-se entre
            as guloseimas, aguçando meus sentidos,
            enquanto preparo as xícaras, com o café.

            Bambinelas coloridas, abertas as janelas,
            em silêncio tomamos o pequeno almoço,
            podendo ver ao longe, animais pastando,
            no fundo tudo o que desejamos para nós.

          

Ser homem apenas
Conhecer o que a vida trás
Escolhas nunca certas

Reunir papéis nas gavetas
Determinar o rumo do acontecimentos
Com um piscar de olhos

O futuro esta acontecendo
Enquanto os deuses jogam dominó
E o velho macaco coça as costas da femea

A gente escreve num caderno mágico
Temos as mesmas palavras repetidas
Mas a gente não se cansa

O amor renasce a cada lua nova
Céu repleto de encantamentos
Luzes competindo com sombras

Ser homem apenas
Repetir o infindável canto da natureza
Desejar sempre a mesma mulher!


 

Ao acaso duas vidas se encontram
      E a razão é vencida pelo coração
      A felicidade fica a um segundo do paraíso
      E o amor se faz presente, no olhar, no sorriso

      Nada nesta vida acontece por acaso
      A paixão bate mais forte
      O encontro inevitável, o toque tão desejado
      Um grande amor, dos sonhos a realidade

      Mas o destino, rude e cruel
      Que afasta amantes sinceros
      Brinca de separação devolvendo a razão.
      E assim, pelo tempo são separados

      hoje em busca dos mesmos laços
      Sabem que no futuro ainda viverão
      um para o outro eternos namorados

    

um tal de cantar a vida,
amanheço, dei pra isso.
Anoiteço, mesmo vício
ou, que fazer sem saída.
Volta e meia , uma cantiga
marca passo, bem antiga.
Um tal de viver à sorte
um tal de sei lá o quê
é assim daqui pra frente
sem  a rota dos porquês.
 Um presente do presente,
que adiante, com a morte,
vim fadada a compromisso.