São Lucas é o narrador,
desse sermão reluzente,
onde pra Cristo a Semente,
é a palavra do Senhor,
Ele seu semeador,
que saiu a semear.
sua doutrina plantar,
nos mais diferentes solos,
e nos mais distantes pólos,
regada pelo amor.
O solo é a alma da gente,
que precisa ser cuidada,
pela esperança irrigada,
para que brote a semente,
mesmo em solo resistente,
mas que se não for tratada,
com carinho adubada,
jamais vai frutificar,
simplesmente vai secar,
morre prematuramente.
Aquelas sementes lançadas,
à beira dos caminhos,
servirão aos passarinhos,
ou serão pisoteadas,
por pessoas desvairadas,
que se julgam importantes,
com idéias delirantes,
que desdenham da pobreza,
idolatram a riqueza,
de Deus vivem afastadas.
Se a semente for plantada,
no meio de um pedregulho,
onde haja muito entulho,
será, então, sufocada,
e sendo tão abafada,
jamais poderá crescer,
falta-lhe o enternecer,
são corações tão obscuros,
resistentes e tão duros,
que não bombeiam mais nada.
No meio das pedras morrem,
pois lhes falta humildade,
pra lhe dá vitalidade,
são os que na vida correm,
não se doam nem socorrem
os que se sentem sozinhos,
perdidos pelos caminhos,
murcham, então, lentamente,
tocam a vida tristemente,
esses exemplos ocorrem.
As lançadas entre espinhos,
todas elas não brotaram,
as plantas que as sufocaram,
negaram-lhes os carinhos,
trouxeram-lhes desalinhos,
não conseguiram nascer,
não as deixaram crescer,
são pessoas invejosas,
por não serem talentosas,
que amargas jamais sonharam.
Se em terra boa caírem,
de tudo serão supridas,
e sendo bem acolhidas,
os frutos que produzirem,
e aqueles que consumirem,
serão sempre solidários,
e em seus itinerários,
serão fiéis servidores
do amor, da paz defensores,
felizes por existirem.
"Quem quiser ouvir que ouça",
assim Jesus concluiu,
e logo dali partiu,
proteja-se nessa touça,
a fé não é uma louça,
que se guarda com cuidado,
pra não vir a ser quebrada,
ela é uma fortaleza,
construída na certeza,
e não uma estéril bouça.
Foi essa a simbologia,
que Jesus utilizou,
que o povo escutou,
que exige ousadia,
pra caminhar nessa via,
exige perseverança,
muita fé e esperança,
para a vida assumir,
dela jamais desistir.
Fiquei tão maravilhado,
com esse belo sermão,
que me vi na multidão,
ali num canto sentado,
naquela figura centrado,
senti-me na Galileia,
bem no meio da platéia,
e saí andando a esmo,
pois homem é o mesmo,
ficou no tempo parado.
É graças à informática,
e à comunicação,
toda essa evolução,
não importa a temática,
nem qual seja a problemática,
com a mesma velocidade,
nós vemos a crueldade,
o progresso da ciência,
um ato de violência,
evolução e estática.
O homem está doente,
usa a tecnologia,
pra sufocar a magia,
obnubilar a mente,
tirar de dentro da gente,
o amor desinteressado,
o gesto humanizado,
o abraço fraternal,
de doação integral,
da verdade consciente.
Se Jesus, hoje, viesse
pra região nordestina,
e como na Palestina,
as mesmas curas fizesse,
iguais verdades dissesse,
veria o mesmo cenário,
teria o mesmo calvário,
a mesma decepção,
trocado por um ladrão,
como se culpa tivesse.
E se fosse a julgamento,
teria um Poncio Pilatos,
que mesmo vendo os maltratos,
diria: amigos, lamento,
não vou perder meu assento,
as mãos prefiro lavar,
mas não vou me arriscar,
faz de conta que sou cego,
ouço tudo, mas eu nego,
é esse o meu desalento.
Aqui da lei os doutores,
exemplos de improbidade,
e da desonestidade,
seriam os senadores,
e todos esses pastores,
que vendem lotes no céu,
e deixam perdidos ao léu,
essa multidão carente,
maltrapilha e indigente,
vítima de malfeitores.
Se Deus, então, repetisse,
o que fez em Nazaré,
e encontrasse um José,
um carpinteiro de fé,
e uma Maria existisse,
que a tudo resistisse,
a seca, a fome, a descrença,
abandono e indiferença,
e pudesse sublimar,
a coragem de amar,
talvez, então, conseguisse.
É esse o meu dilema,
um violento conflito,
em permanente atrito,
se a ciência é o tema,
crescer não é o problema,
mas se olho a consciência,
e analiso a violência,
vejo o homem das cavernas,
com aspirações eternas,
mas pobre de estratagema.