Percorro as paredes,
que antes abrigavam o ninho de nosso amor.
Sento-te em cada espaço...
Nos jardins, busco entre nossas flores tua lembrança;
jogo-me em nossa cama, a buscar teu cheiro;
retiro as roupas no caminho
e lanço-me na espuma da banheira,
agora solitária, sem teu corpo,
fecho os olhos e passo...
A sonhar com os tempos
de outros instantes doces,
outros fortes, as guerras vencidas;
o tempo que se foi,
às vezes deixando marcas de vitória
e outras de derrota...
Chego a sentir-te ao meu lado,
em cada imagem revivida;
o sabor de tua pele,
que, em gozos múltiplos,
fazia a marca de nossa paixão!
Das noites intermináveis
de amor intenso,
de palavras doces,
de sonhos projetados...
Este tempo que se foi
deixa-me aqui solitário
à tua espera e derrotou-me,
levando a pensar que jamais fosse sentir
o sabor da paixão...
Mas este mesmo tempo
trouxe-me olhos místicos,
que hoje tomam conta de meu ser,
mostrando-me que o amor aí está,
servido como um banquete,
à minha espera...
Que posso continuar,
que devo acreditar e ser feliz...
Agora amado novamente,
vejo que tudo fora apenas um sonho,
nada mais, tão forte,
que mesmo após tanta amargura,
da dor a querer transformar tudo em pesadelo,
o mesmo se fez derrotado...
O sonho permanece,
o amor enaltece minha alma
e agora abro os olhos
e aí esta minha amada,
à minha espera...
A banheira já não mais vazia...
E meio ás pétalas de rosas,
lançadas ao cheiro de sedução no ar,
damos início a mais um dia de paixão...
Paulo Nunes Junior