Como folhas de outono, as lembranças

      Vão, uma a uma, buscando no tempo

      Aqueles dias de amor desenfreado,

      Quando, num abraço, me entregava!...



      Sedenta de ti, recolhia em teus lábios

      As gotas do mel que me alimentava,

      Me fazia, sem pudores, tua fêmea, amante,

      Entre as paredes de um mundo encantado,



      Onde nossos corpos, no calor da paixão,

      Se entregavam, invadindo os segredos

      Escondidos do mundo, expostos na cama...



      Quando, em comunhão, nossos sentidos,

      Em orgasmos multiplos, expressavam vida,

      Que para nós era estar alí, fazendo amor...


        Carmen Cristal
 

Esses teus olhos com brilhos de amor

      Que cílios castos tentam esconder

      São bem a prova de quanto langor

      Te perpassa na alma de mulher

      

      E os teus lábios que o carmim decora

      Quais bagos de romã amadurecidos

      Fazem que eu acordado espere a aurora

      P'ra que outro dia os mostre aos meus sentidos

      

      Todos os pormenores que o gesto encerra

      Porque o teu gesto me é primordial

      Levam-me ao céu mas dele me torno à terra

      P'ra te esperar o gesto crucial;

      

      Aquele que me trará o que mais prezo

      O coração de volta ao seu lugar

      Mitigado de fomes e desejo

      De correr para o teu a se aninhar

       Eugénio de Sá

Brava! Furiosa é a reação da Natureza
Os povos são ceifados com crueza, muitos são os feridos
Milhares de centenas, sem casas, sem comida, sem desabrigo!


Deus receba aos que pereceram, amparando quem ficou.
Imprimindo um novo alento reconstrutor, que os soerga.
Aprumando-lhes o solo. Que não torne a acontecer esse terror!

Eme Paiva

Ó musa, que jazes adormecida
      ao pé do lago dos teus sentimentos
      Desperta! Dá-me de novo o alento,
      da minha poesia, já tão esquecida.

      Andam meus versos sem contentamento,
      e a inspiração sem viço nem vida.
      Desperta minha musa adormecida,
      porquanto ainda é  chegado o tempo.

      Liberta os meus versos do cativeiro,
      desfaz em brumas estes meus grilhões,
      sopra as velas deste meu veleiro

      Voe, a poesia, em mil direções,
      não deixes o poeta seresteiro,
      naufragar no mar das desilusões.

      Jorge Linhaça

Quisera escrever um poema
quisera gravar a verdade
mas sua lembrança se afasta
e eu começo a  lhe esquecer
Amor que se foi, tão distante
e levou a ilusão
contigo, se foi a vontade
de lutar, para ser melhor
contigo se foi também
a juventude que vicejava
que foi secando a minha pele
de névoa se encheu minha alma
Juraste que voltarias
mas o tempo demonstrou
que seu amor era uma farsa
que voce era uma ilusão.
O tempo que a tudo cura
deu  sentido a minha vida
nao retornes pois nada  acolherei,
nem seus beijos,
nem seus sorrisos

cris
 

Recomeçar como se algo pudesse apagar

      as marcas deixadas pelo desengano.

      Na luta para conservar um grande amor

       exausta lanço meu olhar

      ao derrotado amor.

      Encoberto pela dúvida ali ele jaz.

      

      Continuar a amar

      com essa perseguição na mente

      Que nada apaga, apenas provoca

      ódio latente.

      

      Lembranças amargas

      que só mesmo a força do amor

      Nos convence.



      Nanci Laurino
 

"Ó Deus! modifica o meu coração e a minha mente
para que eu possa ser feliz, preencher-me de mais paz
e entender as pessoas a partir do que dizem, pelo olhos, timbres de voz,
gestos e expressões, indo ao fundo de suas almas,
compreendendo os seus anseios e necessidades.
Faze-me Senhor, superar minhas deficiências e rancores
e os tratar com delicadeza e bondade, sendo para eles a alma amiga
e protetora.
Com relação a mim, dá a força para me considerar melhor,
ver-me com qualidades, vontade de paz e sucesso,
sem me queixar de nada.
Obrigado, oh! Deus, pois que és o meu Criador."

Paz no coração!

Rose Lima
 

Sua rama: seu caule articulado
verde musgo, a sua cor...
a raiz como cigana
por todo um ano, andou,
procurando por este tempo,
que maio veio e beijou!...
Meigo sorriso!

Daqueles botões branquinhos,
abrem-se pétalas,
múltiplas asas ...
Fadas...
sutis... e leves... e breves...
ninfas vestindo cetim,
arrepiado zefir,
conta segredo em tom rosa:
-Onde você foi buscar, uma cor tão linda assim?

Estames.. celhas... dádivas de pólen,
ofertas de germinar em seus bojos!...
Seu destino pistilar,
suspenso em lindas hastes estojos!...

Me encanto o pensar
que a Onipresença Divina,
caiba dentro de cada uma
e de todas essas pequenas florinhas
que pendem, lindas, do pé!
Assim como,
em cada uma de nossas preces,
cabe toda a nossa fé!

Eme Paiva

 

(O PASSADO)
Os tempos voaram,
viraram folhas secas ao ar,
levaram muitos sonhos,
tantas esperanças
e quantas ilusões!

(O PRESENTE)
Novos tempos chegaram
é o presente em ebulição
tudo é alegria, esperança
alegria e emoção...
Com boa fé tudo se alcança,
o agora é a plena razão,
sem promessas ou juras,
 é a transformação!

A vida é para ser
 enfrentada com ação,
é um vestibular
 para o "plano superior,"
lá, sim,  é a vítrea-luz,
  a essência amor!

Vivamos com intensidade
e muito amor,
aqui encontramos a certeza
e a beleza da vida,
que é a felicidade!
Mas com simplicidade,
nada adianta ter mágoas
 sem perdoar,
essas são as provas da verdade.


Tarcísio Ribeiro Costa
 

Veja o brilho do sol trazendo o dia,
      Num céu coberto de azulado manto...
       Sinta que a Terra entra em sintonia
      Com tudo o que existe... em cada canto.

      Mas mesmo que haja em nós pranto e agonia...
      Da Natureza toda surge o encanto,
      Que Deus compôs, qual divinal poesia,
      Ao nosso coração que sofre tanto.

      Mas quem se entrega à dor de alma vencida,
      Sem ver, no mundo, as cores da beleza,
      Que flui ao derredor da própria vida:

      É um vulto que aqui veio a nascer,
      Para mover-se em meio da tristeza,
      Onde cresce e envelhece... sem viver.

 Sá de Freitas

Se o andar incerto da felicidade
Condenou minh'alma à revelia,
Do que foi um sonho bom, um dia,
Desfigurou-se na minha verdade!...

Ao som do que não foi e não poderá ser,
Um despertar em céleres alvoradas,
Agoniza o amor, em chamas encarnadas,
Aprisionado na letargia do entardecer...

Mazelas de uma relação desprevenida,
Onde um era a tristeza desmedida!...
 O outro o abocar da alegria descarada.

Quando o poder da lágrima que choro
Se espelhar nas forças do Universo,
Terei o esquecimento que procuro...

Carmen Ortiz Cristal

 

fazer acrobacias na
      crista das ondas,
      com trejeitos que assombra,
      é sensacional...
      O golfinho entende tudo
      percebe como é o mundo,
      vem à tona, respira fundo
      e quer abalar geral.

ROSE AROUCK

                    Nas noites enluaradas saio pela madrugada,
                    entoando meu canto, aliviando o coração.
                    Sei que da vida já não quero mais nada,
                    apenas ouvir os sons tocados pela paixão.


                    Há tantos sonhos que estão dormindo,
                    aguardando a doce hora do despertar.
                    Mas nem sempre eles acordam sorrindo,
                    e o Amor não acontece, a se derramar.


                    Tal qual fada da lua, movida pela emoção,
                    me deixo transportar por nuvens leves,
                    soprando na flauta os sons do coração,
                    que ressoarão no espaço em notas breves.


                    E onde tu estiveres, escutarás a canção,
                    que fala de um amor no acaso desvelado.
                    Trazendo um misto de beleza e satisfação,
                    que por si só, já valeu a pena ser revelado.


                    Assim é a vida, cheia de contradições.
                    Mágica, enigmática, por vezes inconseqüente!
                    Contudo quem não vive de doces ilusões,
                    não dá colorido ao momento presente. 


                  Guida Linhares

Noite comprida como o lamento triste
                          que corta a alma em dois pedaços.
                          Gotículas de suor percorrem o corpo,
                          e o sono arredio, tarda a chegar.


                          Qual bailarina dançando entre os lençóis,
                          ávida pelo suave abraço de Morfeu,
                          a insone hora percorre angustiante,
                          até que o cansaço cede lugar ao adormecer.


                          Na janela do sonho, um árido deserto
                          em que passos incertos avançam,
                          em busca de alguém ou algo que dê sentido,
                          à malograda existência solitária.


                          A príncipio passos lentos, que aceleram
                          até tornar-se uma desenfreada corrida,
                          em direção a algo brilhante no chão árido.
                          O que será encontrado? Qual seu significado?


                          Chegando bem perto, uma rosa branca
                          se abrindo esplendorosa, desabotoando-se,
                          oferecendo seu explendor ao olhar ávido do sentir
                          que a vida, pode ser tudo aquilo o que se deseja.


                          Contemplação plena, olhos extasiados de beleza
                          fazem despertar o ser interno, que acorda
                          antes que o amanhecer chegue e de um pulo,
                          salte da cama e abra as janelas do quarto e da alma.


                          A visão da rosa branca acompanha o ritual
                          em que o novo ser desabrochado sente que é hora
                          de renascer para a vida, reconquistando a felicidade
                          de sentir-se pleno de Deus, pronto a abraçar novos sonhos.

                            Guida Linhares

 Paixão é fogueira
      que incendeia todo o ser.
      É um sentir tão forte,
      que cega os olhos,
      silencia a fala
      e desregula o norte.

      É um querer diferente,
      que enlouquece a razão.
      É um temporal que chega
      com águas torrenciais,
      banhando tudo com emoção.

      É não saber viver sem...
      É um não sei quê de contente,
      que mexe com todas as horas.
      É um vendaval de sentimentos
      se apossando do coração da gente.

Guida Linhares