Dia
do trabalhador
são todos os dias
Trabalha para fazer jús
ao seu minguado salário.
E aquele homem que labuta
de sol a sol reflete sobre a vida.
Gostaria de ter mais condições de dignidade
e de poder sobreviver com decência,
ainda que deixe gotas de suor
escorrer pela face;
ainda que
seus ombros cansados,
sustentem a vida luxuosa dos patrões,
indiferentes à condição de seus subalternos...
ainda assim, este homem pé no chão
trabalha incansávelmente.
Da sua
marmita fria,
busca o calor do alimento
na sua imaginação. Come sentado no chão!
Junto aos companheiros de jornada, e pensa:
- A vida é nada!
Nada
sou,
nada tenho!
Do nada
em que
me
transformo,
nada sobra,
no fim do dia,
no final do mês,
no final dos anos,
no final da vida,
de enganos,
de escassez,
de agonia,
má utopia!
A alma soçobra!
Ouço campainha!
É a volta à labuta!
Pego do balde e da enxada.
Retorno à minha luta.
Mais um dia..
outra diária jornada jornada!
Levanto a enxada e abro o buraco do chão.
A amargura cravada no coração.
As horas passam lentas,
dolorosas, tudo dói.
A cabeça,
o coração, as pernas, os braços,
os melhores sonhos!
Como doem
os sonhos não materializados!
Olhar fixo no chão, concentração!
Nada de voos quiméricos,
apenas e tão somente
o gesto mecânico,
automático,
de quem
executa o movimento,
cravando a enxada no chão
molhado pelas lágrimas da decepção!
Qual trabalhador não se revolta,
quando recebe do patrão,
seu minguado salário,
no final do mês?
Triste sina!
Apocalipse laboral!
Guida Linhares