Tortura chinesa
A China tira o couro
dos indefesos animais
do alienado povo
da frágil democracia
do fraco Tibet.
E o mundo aplaude a China
porque é grande
e está ficando literalmente
podre de rica
dia após dia.
Uma grande porcaria.
Ulisses Tavares
Tortura chinesa
A China tira o couro
dos indefesos animais
do alienado povo
da frágil democracia
do fraco Tibet.
E o mundo aplaude a China
porque é grande
e está ficando literalmente
podre de rica
dia após dia.
Uma grande porcaria.
Ulisses Tavares
Saindo das cenas bucólicas que entreter
serve a quem, mais nada lhe apoquenta
passemos pra aqueles que só sobreviver
podem, sejam restos do chão ou polenta
Pergunto-me como há pessoas que viver
nada lhes estorva esta gente, pardacenta
e passam por elas, com cínico e vil prazer
como se fossem alguma coisa ali nojenta
Eis, digam-me, como posso, com a poesia
olvidar, o que se passa no nosso dia-a-dia
brincando de rimas e de versos a entreter
Me martirizo, por não ter as forças aliadas
à minha poesia, aos meus versos, palavras
que esconjuro e o gesto fingindo escrever
Jorge Humberto
Encontrei o Coelho, de olhos vermelhos,
não havia colírio que lhe desse jeito,
trabalhava noite e dia o pobre sujeito,
fazendo ovos de páscoa pra vendê-los.
Perguntei ao Coelho, sobre a páscoa,
e ele me disse que era só trabalhar,
senti na sua voz uma certa mágoa,
mas o segredo não soube me explicar.
Encontrei a criança, ansiosa,
esperando pelos ovos de chocolate,
os olhos brilhavam na ânsia gulosa,
de que o domingo logo chegasse.
Perguntei à ela, da páscoa, o segredo,
ela me disse que precisava procurar:
Tinha de acordar, no domingo, bem cedo
para os ovos de páscoa ir encontrar.
Encontrei o comerciante, preocupado,
contando os ovos, repondo o estoque,
o movimento já havia quase dobrado,
perguntei da páscoa, qual seu enfoque...
Respondeu-me que era data importante,
época em que aumentava o movimento,
gente entrava e sai à todo o instante,
e que precisava aproveitar o momento.
Encontrei o mendigo, dormindo na rua,
não sabia se devia lhe perguntar ou não,
como era a páscoa na situação sua
se existia na páscoa alguma razão.
Respondeu-me que era só mais um dia,
que achava tudo isso um disparate,
mas que às vezes tinha a doce alegria,
de ganhar uns pedaços de chocolate.
Encontrei um rabino, defronte ao jardim,
perguntei se podia a páscoa explicar,
por detrás dos óculos, falou-me assim,
é a data do meu povo comemorar...
Depois de anos de cativeiro e servidão,
mandou-nos Deus, Moisés,o libertador,
para libertar do Egito a nossa nação,
por isso louvamos à Deus com fervor.
Encontrei um homem, mais adiante,
olhos alegres, de calma expressão,
perguntei-lhe o segredo, falou triunfante,
- A páscoa, meu caro, é a ressurreição.
O Filho de Deus, ao mundo enviado,
crucificado foi numa pesada cruz,
para pagar pelos nossos pecados,
o nome dele, bem sabes, é Jesus.
Por três dias ficou Ele sepultado,
desceu ao inferno, à morte venceu,
saiu da sepultura ressuscitado,
e a esperança eterna nos concedeu...
A páscoa é pois uma data divina,
um dia de buscarmos a renovação,
é isso que a páscoa nos ensina:
Encontrarmos a nossa ressurreição.
Partilho pois com vocês o segredo,
que depois de tanta busca encontrei,
deixemos de lado os ovos, e, sem medo,
Louvemos a Cristo, Senhor e Rei
Jorge Linhaça
o papel esta aberto como um mapa
a mão inquieta acaricia uma trincheira
o ar cheira diferente fumaça
pó sobre pó
o vento sopra por sobre a barricada
sinos de madeira lamentam
rastejando a chuva se aproxima
a rua , uma prece silenciosa
os versos , meus explosivos
poema, bomba relógio
rimas explodem
salvas intercaladas
palavras estrondam
artilharia pesada ribomba
não existe maior prazer
que simplesmente viver
armas atiram
balas assobiam
ilusões sangram
sonhos acabam
voluntários se alistam
nunca se deve escolher
entre matar e morrer
sobreviver tem finalidade
quando jovem , se aceita a violência
mal que não se evita
pesa nos ossos a inexperiência
passo a passo
cada dia um campo minado
o sangue se espalha na calçada
paredes esburacadas pela selvageria
a guera toma de conta
o tempo sacode a poeira
idosos abraçam a covardia
com galharda sabedoria
generais nunca morrem
se aposentam
a brutalidade dos gatilhos
caminha pelo mundo
apoiada pelas sementes do preconceito
sirenes,clarins,tambores
pontos,vírgulas,exclamações
disparos a esmo
em alguma janela daquele casarão
se esconde um atirador
em algum ponto de onibus
se encontra um mártir
a boca treme...
carlos assis
o atirador de facas
era para ser logo
mas o pensar
esticou o verso
deitou a inspiração
numa namoradeira
nasci para ser
o que sou
um pedaço do ontem
você nem procurou
saber
a palavra estagnou
agua parada
pedra na mão
ruminando o ar
peso sobre a superficie calma
um arrepio
uma estacada
som surdo
pancada
a lâmina afiada
carlos assis
Só o futuro
Ao tempo vence
Porque está
Aonde o tempo
Não alcança
Quanto mais
O tempo passa
Mais distante
Ele se encontra
O presente
Não se compara
Ao futuro
Que virá
Porque no fim
Só o futuro existirá
ABittar
Da saudade
Observando-me
Não sei bem
De onde vem
Mas sinto
Ele em mim
Espera talvez
A hora certa
A oportunidade
De se chegar
De invadir
De se apossar
De um cantinho
Em meu peito
Mas desta vez
Não vou deixar
Não vou permitir
Sua estada
Não saudade
Procure outro
Lugar pra morar
Eu prefiro
Ficar só
Só
Mas sem
Saudade
ABittar
A Sexta-feira da Paixão é uma data cósmica. Nos éteres planetários existe uma gigantesca cruz de luz branca, de cujo centro brota e aos poucos desabrocha um imenso botão de rosa lilás, a cada Sexta-feira Santa
Ao meio dia, essa rosa alcança o ápice do desabrochar e, de seu interior, emana o néctar da Misericórdia e Compaixão. Seu doce perfume envolve todo planeta e cada criatura. Essa doce radiação, que vem das profundezas do Coração do Cristo Crucificado, tudo abençoa, redime e transforma
Da mesma forma que há dois mil anos o Cristo foi traído, criticado, hostilizado, julgado e condenado, continuamos a cometer atrocidades semelhantes contra o nosso Cristo Interior e contra o Cristo em nossos semelhantes
A crucificação do Cristo Interior acontece sempre que confiamos no mundo exterior, ou seja, no dinheiro, remédios, oráculos e toda sorte de absurdos. Acontece quando nos esquecemos do poder total e único do nosso Cristo Interior
Ao deixarmos de confiar na vida, a centelha Crística que nos habita, acreditamos que: "eu não sou, eu não tenho, eu não posso, eu estou doente etc", assim retirando o poder da Divindade que somos, que é saúde plena e a fonte de toda sabedoria, riqueza e abundância, que é Senhor do nosso mundo, nosso mestre interior, o nosso guia
Cada pensamento de separatividade, de desamor, cada palavra de crítica ou julgamento é um espinho que fincamos na cabeça do Cristo em nossos semelhantes. Cada pensamento ou palavra de desconfiança ou condenação que emitimos contra alguém é mais um prego crucificando o Cristo naquela pessoa
Quando o homem põe fogo na terra, queimando e devastando árvores e seres vivos indefesos, a pródiga Mãe Natureza envolve todos esses erros com seu manto de misericórdia e, generosamente, manda a chuva que apaga o fogo. E faz brotar, da devastação, flores belas e perfumadas
Semelhantemente, dos éteres planetários onde permanece a cruz, do centro do coração crucificado, Deus-Mãe faz brotar essa rosa lilás que desabrocha em misericórdia e regeneração para toda a humanidade
Conectando-se com este Centro de Transmutação, cada um de nós pode voltar-se para o Cristo Interior e, com a ação balsamizante do perfume da rosa lilás, retirar os espinhos e pregos, e regenerar o Cristo em nós e em cada pessoa, devolvendo-lhe todo o amor, poder, confiança e devoção.
Então, no Domingo de Páscoa, todos podemos desfrutar da Chama da Ascensão, entrando na plena consciência de "Eu Sou a Ressurreição e a Vida".
Tenham todos dias de muita paz!
Lucia Helena dos Santos
Conheci um dia um sujeito
que se dizia um franciscano
muitos o achavam perfeito
e ai residia seu engano.
Era um tal de musas eleitas,
a cada verso proclamado,
medir mãos e pés nas saletas
com o dileto ser premiado
Mas pasmem os senhores
e me digam se tenho razão...
Quem faz voto de pobreza,
vida frugal e parca mesa
das vaidades abre mão...
Como pode um franciscano,
assim auto-denominado,
pedir do mais caro pano,
ser com calças presenteado?
Dizi-me lá ( se puder) onde anda,
portanto, a sua galardia...
quem se esconde à sotana
só transpira hipocrisia.
Mas já não espero nada,
desse sujeito, quem diria...
Ao ver a máscara arrancada
esconde-se na covardia!
São essas coisas, eu digo,
que me fazem amar o Bocage,
não fugia dos seus perigos
e nem lhe faltava a coragem.
O pobre Augusto dos Anjos,
há de virar-se na sepultura,
ao saber de tal escandalo
do pupilo sem compustura!
Se ,as calças, calças, franciscano,
pedidas às musas entusiamadas
diga-me lá d'onde veio o pano
da tua batina já tão desbotada.
Jorge Linhaça
Três safiras... três rojões...
Trinta e três estouros de canhões!!!
Três Serafinas... três pagãos...
Três sequências de apagões
Três margaridinhas, três Marias...!
Três barras de parafina.
Três trovões...
Três rainhas...
Três irmãos...
Três por onze, ex_clamações.
Rosangela_Aliberti
No meu silêncio há uma pedra
Travesseiro para convalescença
Não uma sepultura
No meu silêncio não há término
Ou mesmo indiferença
Há resguardo
Nesse meu silêncio aparentemente mortal
O zelo é fatal
Porque há uma "pedra no meio do caminho"
Regina Romeiro
saberei no momento da sementeira
até onde pode ir a força real
da palavra arremessada
para o centro do poema
não se dispensa a água nem o amor
com que os dedos acarinham a terra
e seguem o seu curso até ao mar
nem há vontade de virar as costas
aos penhascos que lançam as vozes
para a profundeza dos abismos
os homens chegam a solo firme e cantam
na linha do horizonte em que viajaram
na sede de toda uma vida sem respostas
não havia perguntas dizem alguns ao luar
imaginando fogueiras e florestas junto aos riachos
desmemoriados do passado e do futuro
depois recordamos como as eiras precisam do sal
com que se abençoa cada gota de suor
guardado num verso ainda por escrever
e lá seguimos viagem com a luz do coração
às vezes despedaçado pelas distâncias
em busca da casa guardada na lembrança
de outro dia dentro de nós a escurecer
JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES
Já ouvi poesia escrita por menina
que parece um Sonho,
no meio de gente Grande
que ainda... não sabe como tecer
e pensa que colhe bem...
As letras tinham perfume
de flor de laranjeira
que exalam do pé no ponto certo
formando laçadas amarelas no miolo
daquelas que enfeitam os enxovais
brancos de linho dos tempos das avós...
Já ouvi poesia escrita por menina
com gosto de sonho de valsa
viva percepção de um ballet
às dezoito horas numa tarde de outono.
Rosangela_Aliberti
Ajuda-me Senhor!
Tira de mim o peso desta imensa dor
Carrega pra longe essa mágoa
Da vida comigo não ter sido
Um imenso jardim florido
E ensina-me a aceitar
Esse campo de batalha
Por onde eu estou sempre a lutar
Ajuda-me Senhor!
A compreender tanta dificuldade
A enfrentá-las com dignidade
Ajuda-me a ter coragem
Muita resignação
A sobreviver a tanta aflição
Ajuda-me Senhor!
A atravessar meus caminhos
Que estão cobertos de espinhos
Sempre com muito carinho
Sem temor
Seja qual for
O tamanho da minha dor
Ajuda-me Senhor!
A erguer o meu olhar em sua direção
Sempre que o meu coração
Quiser meus olhos roubar
E obrigá-los para baixo olhar
Ajuda-me Senhor!
A manter meu corpo saudável
Minha mente equilibrada
Minha alma aconchegada
Minha vida organizada
Ajuda-me Senhor!
A caminhar ao lado da razão
Sem nunca esquecer da emoção
A aceitar toda e qualquer desilusão
A perdoar quem me trai
A amar quem me quer bem
A conviver, até mesmo, com o que não me convém
Ajuda-me Senhor!
A esquecer o que passou
A seguir em frente
A encontrar quem me oriente
A pisar em terra firme
A viver o presente
Ajuda-me Senhor!
A buscar dentro de mim mesma
A solução para as minhas dificuldades
E clareia a minha realidade
Com sua luz divina
Que a todos ilumina
Ajuda-me Senhor!
A sua maneira...
E me perdoe se pedi demais
Porém, não vou voltar atrás
Porque só a Você posso implorar
Sabendo que nada irá me cobrar
Ajuda-me Senhor!
E perdoa-me se pedi a minha maneira
Sem ser numa igreja
Ajoelhada
Compenetrada
Orando o Pai Nosso e fazendo o sinal da cruz...
Mas me ensinaram que em qualquer lugar
Eu encontraria Jesus!
Silvana Duboc