Como te falaria das pegadas sangrentas
que choraram até cicatrizarem nos mares
de almos suspiros,se algumas são mortas
nos tentáculos bravios,vasos sem flores!
Imensos desejos,frutos que pari da ânsia
e embrulhei nas estrelas da mansuetude
para dar em acariciante resplandecência,
dentro do abraço que meu peito explode!
O amor que vence desencontro e delírios
pôs-me cega,desnuda a tua busca, amor,
dei a minhas pegadas um cheiro de lírios,
floresceram ipês e rosais, puro esplendor!
Tudo em mim se guardou para te ofertar,
desde quando mergulhei na tua presença,
dança sem véus nem pudores vou dançar
e a ti vou me dar. Do amor sou sentença!
Tenho as gotas da lua, a prece dos anjos,
as brumas de Avalon, a voz dos bosques,
vergel d’encanto, a linguagem dos beijos,
Jardins do Éden e a minh’alma em buquês!
Serei anunciada pelo vento veloz do tempo,
nomeado amável mensageiro dos meus ecos
e quando teu cabelo ventar, será meu corpo
amado meu,que vestirás com teus flancos!
Sempre teu, o corpo navegante do instinto,
sobrevivente dos pulsares e tantos delírios,
beijafloreio teus lábios noturnos e te sinto
tão somente meu,sedando meus desvarios!
Amado meu, quero te andarejar, andarilhar,
conquistar ou reconquistar-te ainda desejo,
sentir-te me povoando de pasmos de amar.
Ser a única paixão no teu destino flamejo!
Inês Marucci