Acordei com vontade de comprar um presente de aniversario para Jesus, afinal, não existe melhor amigo que o Mestre dos Mestres. Sai de casa e fui ao maior shopping da cidade. Pensei primeiramente numa camisa branca, mas quando vi que o branco mais branco da terra ainda era cinza perto da sua pureza, fiquei com vergonha e desisti.
Em outra vitrine vi um sapato de couro, lindo e caríssimo, mas quando lembrei dos seus pés calçados pelas sandálias da missão cumprida, achei que não existiria na terra algo tão confortável que merecesse seus pés. Uma caneta foi isso o que a próxima vitrine me apresentou, uma linda caneta de marca famosa, seria um lindo presente, mas lembrei-me que Ele escreveu raras vezes, tudo o que Ele falou, mostrou na prática, servindo e amando sempre. Lembrei-me, que um dia Ele falou que não tinha sequer um travesseiro para recostar sua cabeça, e pensei no melhor travesseiro de plumas de uma loja especializada em sono... era importado e muito confortável, mas lembrei-me que os justos dormiam tranqüilos e que Ele jamais usaria um travesseiro.
E assim fui olhando as vitrines: abotoaduras de ouro, malas de viagem, comidas importadas, tudo supérfluo, tudo matéria que o tempo iria corroer. Confesso que sai um pouco chateado do shopping, afinal eu saíra para comprar um presente para Jesus, e não havia achado nada. Na porta do shopping um menino muito miudinho sorriu para mim, perguntou meu nome e eu o dele, ele riu e me estendeu a mão, tinha o rosto sujo, as mãos encardidas. Perguntei pela mãe, ele deu de ombros, sobre o pai, também não sabia onde estava. Perguntei se ele queria tomar um lanche, ele sorriu um sim, pegou na minha mão. Na porta do shopping olhou para suas roupas e olhou para mim, sabia que não estava corretamente vestido. Peguei-o no meu colo, era a senha para ser feliz. Seus olhinhos miúdos percorriam aquelas luzes, enfeites e pessoas bonitas como se fosse um filme de Walt Disney. Na lanchonete sentou na cadeirinha giratória e sorriu como “reizinho”, e entre uma montanha de batatas fritas, ríamos felizes como dois velhos amigos. Falamos sobre bolinha de gude, pipas e bola de futebol, coisas importantes para o ser humano, principalmente quando somos crianças. Devoramos dois lanches, e quando perguntei se ele queria um sorvete gigante como sobremesa, seus olhos brilharam feito sol, pedi um instante, fui até o caixa. Quando voltei com os sorvetes na mão ele já não estava ali.
Por instantes pensei que ele tinha ido ao banheiro, ou estaria olhando a lanchonete, mas não estava ali mesmo. Foi quando sobre a caixa de batatas vazias, vi um bilhetinho escrito com letra miúda que dizia assim: “Obrigado pelo melhor presente de aniversário que poderia me dar: Fizeste feliz a um dos pequeninos do mundo!”
Assinado, Jesus.
“... Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Mateus 25:40.
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