Bateu de repente... bateu forte...
Como uma águia riscando o céu...
Perdi meu norte... melhor a morte!...
Mergulhar no breu... arrancar o véu!
Dar a cara de frente... para bater...
Cerrar os dentes e dizer... não... não!
Enfrentar todos os bichos... atrever...
Sorrir e ... escorregar pelo corrimão...
Bateu forte... o que me importa???
Bati forte também... ousei... eu ousei!
Que se lasque a vida... que feche a porta!
Cansei de ser a boazinha... cansei!...
Saturei de comportamento certinho...
De normas... regras... tabus... etiquetas...
Vai escoando a vida entre meus dedos...
Não quero mais ordens ... nem muletas...
Hoje... afastei meus medos e fantasmas...
Mal olhei para o espelho... para a casa...
A sapeca que mora em mim gritou alucinada:
- Nada de tristezas mulher!... - Vaza... vaza!
Amanhã? - Amanhã posso voltar a ser tonta...
Chorar... fazer coisas femininas e idiotas...
Mas voltei ao normal... - Estou pronta!...
Abri dos meus direitos... as comportas!
Essa bateu forte... ah... bateu sim!...
Mergulhei numa piscina vazia!...
Mas foi bom... foi bem melhor assim...
Despertei enfim... da imbecil covardia!...
Mary Trujillo