Doce saudade,
daquela felicidade..
daquele momento,
que me tirou o tormento...
de não te ter...
de não te saber.
Após viver o amor,
em todo seu esplendor,
senti-me reviver...
fica agora este sentimento,
quase um lamento...
de uma doce saudade
daquele momento de felicidade..
você teve esse momento
você viveu o amor
em todo seu esplendor
por que esse lamento?
por que esse sentimento?
por que a saudade?
se você teve essa felicidade
responde ao meu lamento
me faz viver o amor
com todo esplendor
que você viveu
o seu amor...
Marcial Salaverry
Traço em compasso as linhas do teu rosto,
e em devaneio moldo-te numa imagem viva
em nave azul, do triângulo que desenho
nas linhas que imagino, nestas letras sem nexo
calor que idealizo em embriaguez de sonho!...
No sol dos teus afectos me entrego atónito,
poeta destes dias, num indagar de epístolas
que te imagino no raiar dos dias, de cântico
de boca faminta de amor, em calor imortal
neste corpo que te oferto, e tem o meu sangue
És rosto terno em forma de denegada Musa
em pedra queimada pelos tempos, em gritos
de lábios rubros pedindo margens de beijos
que ficaram na fímbria das horas de ontem,
na boca calada que comigo arde pecando...
assim traço o teu rosto, num gesto cristalino!
©Ferdinando
Posso descrever meus passos até ela,
depois não, perdi o controle,
perdi a alma, o rosto, o corpo, os beijos,
perdi o jeito de sonhar, virei sonho.
Voltei a lembrança até dias antes de conhecê-la,
havia tédio, nenhum sorriso, era outono,
de repente um verão enorme antes da primavera,
meus planos flutuaram sem peso, tomaram tudo.
Dispenso os favores, quero amor, paixão,
não tenho hora marcada para amar, amo apenas,
como se ainda fosse dono de alguma alma,
não tenho magoa, nem vida, a tenho amante.
Abro as portas de um dia novo, amanhã,
deixei guardadas asas para se um dia precisar,
não tenho sombras, nem sobras de paixão,
apenas eu e um amor, completamente dela.