Ó belíssima dama, ajoelha-te ante a serra,
entoando qual um doce gemido agônico
e no teu último orgasmo lírico e atônito,
queimando diante de mim, direi: oh, como és bela!
Senhor de minhas entranhas e azuis mistérios,
vesti-me de borboleta e rendas em relvas
verdejantes, fluí a verdete dos seios às selvas
bronzeando os elmos e os escudos do teu império.
Dá-me do ventre formoso a seiva do urânio,
dispa a luz do teu ouro bailando tão cômica
e ardendo teu sexo nessa dança atômica,
dessedenta o gozo e a fome e a pressa do ozônio.
Fendida de amor deitarei em meu negro carvão,
consumindo a minha reserva, então, chorarei
e em lágrimas contaminadas por tuas leis,
jazendo na fumaça eu direi: oh, tu e eu em extinção!
E por que não dançarmos?
Ao som da música flutuarmos...
Talvez até nos beijemos,
ou até nos amemos...
São sonhos de amor
que à vida dão mais calor...
se serão sonhos
doces e risonhos,
apenas o tempo dirá,
o que acontecerá...
O que se plantar no jardim,
florescerá, sim,
se for bem regado,
com um carinho dedicado...
Se o amor for bem plantado,
crescerá apaixonado...
Não poderá ser desprezado,
terá que ser um amor amado...
Dancemos pois,
e deixemos tudo para depois...
Apenas devemos o momento viver,
sem pensar no que poderá acontecer...
Marcial Salaverry
Ainda guardo na lembrança aquele dia...
Minhas mãos tremulas e geladas,
Coração disparado, respiração suspensa,
Alegria e ansiedade com esforço disfarçadas.
Cada frase uma nota musical soava,
A noite entre mil estrelas se debruçava.
Medo e vontade; vontade, desejo e medo...
Tantas caricias telepáticas derramadas...
Barcos balançando ao sabor do vento...
Dois faróis clareando o firmamento...
Almas embaladas nas palavras de amor,
Pronunciando ternamente um juramento....
Entre mil desculpas ali estávamos...
Olhos perdidos, lábios sussurrando um nome,
Ah, agonia deliciosa, percorrendo o corpo, ler
e reler mil vezes cada carta, era nossa fome...
Poesias embalando sentimentos, respondendo,
Inquirindo, despejando mel, loucura, frenesi...
Cecília, Pablo, Casimiro e Florbela, quantos!
Assim mágicamente o encontrei e me perdi...
Novembro, fascinante e místico novembro....
Levando todas as dores da vida, do mundo.
Todas as feridas curadas com seus lábios
Colados nos meus, o amor invadindo tudo...
Manto invisível, misterioso que nos transformou,
Deu-nos nova vida, novo rumo, nova esperança.
Nossos barcos ainda navegam nesse mar como
Barquinhos de papel nas mãos de uma criança...
Novembro, místico e maravilhoso novembro...
Marilena Trujillo