Eu tenho mais sorte
porque vejo estrêlas que não podes ver.
Todas as estrêlas que um dia contamos,
bebendo a noite em calíces de sonhos
E, sem dúvida, te sinto tão perto
que quase te vejo fechando os olhos,
ainda que nada seja igual porque tu não estás.
Te sonho no silêncio da noite rôta,
quando a lua quer ser uma lua cheia,
quando o vento, timidamente, se apropria
do coração vazio e o arbusto parece
que terminará chorando de melancolia;
quando tudo parece dormir
menos a própria natureza que sussura, desperta,
toda sua poesia no silêncio escuro.
O grilo chora poemas de ausencia,
rompendo o espaço com sua cantilena,
oculta nos limites dos sentimentos
se é que sentimento tenha fronteira.
Tú, aquí, na alma, enchendo-a toda,
ainda que haja distancia,
mas não há distancias quando a alma sente.
Tu, aqui, bebendo a noite,a meu lado,
trocando segredos que sómente Deus sabe...
Buscando em cada estrela uma lembrança.
Nós sabemos que há uma estrêla a mais
no céu desta noite......?