A clínica dos desvalidos,
é sempre o bar da esquina,
que abafa os gemidos,
da solidão que amofina.
É numa mesa de bar,
onde a solidão se senta,
para ouvir o cantar,
da mágoa que se apresenta.
O bar acolhe a tristeza,
e a dor do abandono,
tem vaga pra incerteza,
de quem vagueia sem dono.
Mantém sempre reservado,
o lugar da ilusão,
nele sempre está sentado,
quem sempre sonhou em vão.
E num cantinho discreto,
recolhido, suplicante,
está quem espera o afeto,
de alguém que está distante.
Lá na mesa da caatinga,
onde a conta ele pindura,
o pobre sorve na pinga,
o descaso que o tortura.
E no balcão do ciúme,
na taça da insegurança,
no ponteio do queixume,
chora a desconfiança.
No bar não há distinção,
de cor, raça e cultura,
sua localização,
é na Rua da Amargura.
Mas o bar é o recanto,
de todos os sentimentos,
onde abóia o acalanto,
que afina nossos momentos.
É também o cobertor,
que nos aquece do frio,
da febre do desamor,
num canto ermo e sombrio.
Pra todo mundo tem mesa,
pra quem chora de saudade,
pra quem sorri da certeza,
de um amor de verdade.
Tem a mesa da alegria,
que acolhe a felicidade,
e uma taça de sangria,
pra esquentar a saudade
Tem a mesa da paixão,
onde corações ardentes,
sorvem com sofreguidão,
do amor os ingredientes.
Tem a mesa do apego,
onde um beijo de ternura,
transmite no aconhego,
carinho, afeto e doçura.
De repente um violeiro,
num canto bem ritmado,
finge tirar um argueiro,
de alguém abandonado.
Circulando entre as mesas,
um homem cheio de luz,
de todos ouve as tristezas,
o nome dele é Jesus.
Ele abençoa o recanto,
afaga quem está presente,
e pára ao ouvir o pranto,
que sai da alma da gente.
Não tenha receio irmão,
sente-se, o bar é seu,
na mesa da união,
quem paga a conta sou eu.