Noite quente; talvez por isso o rio
corra placidamente, tentando não
despertar os pássaros nocturnos,
que se aglomeram nos seus canaviais.
Um ou outro barco, ainda desliza
por suas águas, trazendo pescadores
e suas redes bem cuidadas.
Vão direitos à foz, que se instala um
pouco mais em baixo, onde os esperam
familiares e os mesmos curiosos, de sempre.
Estranhos reflexos de prata, bóiam à
superfície, interagindo com
a luz das estrelas e a luz da lua.
Suprema alegria, para as crianças, que,
assim, têm uma desculpa, para
recolher, a seus leitos, mais tarde.
Que estranha magia, há nestas águas,
contando histórias de outrora e de
glórias tidas, hoje gravadas em marmóreas
estátuas, impertinentes?
Mas o rio não se importa com nada disso
e fluente segue o seu curso de sempre,
para homens e animais: paisagem idílica.
Ah, este é o rio, de minha aldeia, debruçando-se,
sorrateiramente e sem pedir licença,
no beiral de minha janela!