Desperto meus sentidos, ainda
a madrugada é orvalho nas flores.
Tua lembrança vem cedinho
e logo me acorda, para um amor,
que nunca dorme.
Nem nas brumas mais cerradas,
nosso nome deixa de ser soletrado,
como num sussurro, entre os
desvios das árvores adormecidas,
onde só os gatos caminham, sorrateiramente.
Privilégio dos enamorados, contemplamos
finalmente, o sol em todo o seu esplendor,
vindo bem lá detrás do rio,
onde pousou suas mãos, chegada a noite.
E agora, que a manhã, já é uma certeza,
trocamos palavras de amor, e,
no luzir das pedrinhas, à beira-rio,
firmamos uma vontade, um desejo imaculado,
de que todas as águas, se abrirão para nós.
Olhos nos olhos, enquanto a manhã avança,
deitamos olhos na água,
bem dizendo o caminho, por nós traçado,
na manhã primeira, de nosso dia, entregue
ao sortilégio, que mais não é que uma vontade
explicita, de nossos corpos unidos, para sempre.
E a natureza, contemplativa,
pressentindo o desfecho final da manhã,
em que eis é chegada a hora de nossa
partida, reserva-nos a gratidão de viver,
em que o amor de duas pessoas,
é a felicidade, de um renascer a dois,
neste imenso jardim, chamado Mundo.