Encostado ao tronco da árvore, Alcino punha a cabeça entre as mãos e pensava... pensava nas voltas que a vida dá... Balia deitada no seu regaço talvez dava desanco à vida que no seu ventre saltava...
Alcino pensava no poder que tinha tido desde que encontrou a cobrinha dos olhos azuis; a felicidade que viu em tantos rostos estampada com as acções das fadas e da magia de sua madrinha: elas eram o condão do bem, da igualdade, da prosperidade; eram o flagelo do egoísmo, da inveja e da superioridade.
Seu reino foi destroçado depois de milhões de anos ter servido a natureza.
Verdade que tudo tem um fim; nós com nossas acções também estamos a preparar o fim deste paraíso...
Alcino pensava que não poderia ficar muito tempo naquele lugar deserto, onde toda a gente sofria incluindo os animais, que não se viam nos arredores.
Alcino baixou-se e beijou aquele amor, animação de sua vida; ali estava uma deusa do amor no seu regaço adormecida.
Sabia que só poderia viajar nas asas do luar... e o saquinho só poderia por e retirar um desejo... mas moderadamente poderia fazer bem a outrem com a magia do saquinho.
Agora apenas esperava Anisa para esta menina poder tomar um banho de água límpida... e a agua perdida ir regar um talho de nabiças com a semente que retirou do saquinho, depois talvez fosse viajar quando chegasse o luar.
Alcino tinha visto que a salvação daquele terreno ressequido seria um paredão em açude no fim da montanha, para salvar toda as aguas das invernias, e manter o terreno fértil no tempo de seca, para que o lago tivesse sempre agua e manter a vida aquática e os animais de que se poderia ver diversas carcaças por aquele deserto ressequido.
Carmina disse... teremos de acabar hoje a esteira com os juncos que restam... Xavier esse será teu trabalho depois dos deveres escolares...
Xavier foi abraçar a mãe, pedindo. mãe; deixa-me ir contigo ver o Homem branco e a mulher de cabelos de ouro... serei sempre bom aluno.
A mãe disse; poderás, ao chegares da escola e com a grande cabaça trazeres água para casa.
Xavier ficou um pouco amuado, mas compreendia que sua mãe tinha razão... estava ciente que na escola se funde a chave que abre todas as portas... disse; mãe diz ao homem que me espere, talvez tenha fumo para mim.
Carmina riu... chamando-lhe invejoso...
Alcino como um chimpanzé tinha feito na árvore uma cama de ramos onde passaram a noite...estava na hora do banho e do almoço...Balia junto a bomba da água toda nua, era como uma deusa de beleza a caminho de ser mãe...
Alcino embelecido fazia a água sair da bomba de bambu, e se encaminhado para o talho das nabiças, que em breve iram despontar... estes depois do banho estavam a preparar uns ovos de tartaruga que encantaram em terra bulida acima da árvore.
Anisa correu à frente da mãe para ser a primeira a dar os bons dias, beijar Balia e Alcino e anunciar sua mãe Carmina.
Alcino e Balia riram...e olharam para a mulher que chegava, um pouco envergonhada, mas sua tez alem de esmirrada pelo trabalho e talvez fome, apresentava um ar nobre e ainda com muitos traços de beleza, mas escondidos pela poeira entranhada nos poros.
Carmina afagou a barriga de Balia, com as lágrimas a escorrer... talvez lembrando-se do homem que desapareceu de sua vida.
Alcino encaminhou-as para a bomba de bambu dizendo, refresquem o corpo, creio que alguém poderá ver a pureza de vossos pensamentos.
Alcino do saquinho retiros roupa fresca e a entregou a Carmina, e um lindo vestido para Anisa... com calcinhas que esta nunca tinha sentido em seu corpinho de anjo alegre...
As duas se refrescaram; nunca tinham sentido água tão clarinha retirar dos seus poros apenas limpos pelo suor... o cheiro do sabão que lhes foi entregue com os vestuários, era de um cheiro tão suave que criava amor pela vida.
Alcino falou a Carmina do seu projecto de captar as águas da montanha, dizendo este deserto pode ser dos terrenos mais prósperos da redondeza.
Mostrando-lhe como pescar na terra, dizendo este e o grande segredo, não deveis retirar mais que um peixe por dia; isto para quando houver águas haver vida no lago.
Anisa ainda falou de seu irmão Xavier que tanto queria ver o homem do saquinho e a mulher de cabelos de ouro...
Alcino disse, espero aqui por teu irmão, muito antes do luar chegar... esta rodava e queria dançar fazendo roda com seu vestido novo...
Alcino disse vem com teu irmão, quero ver essa maravilhosa dança do suam num lago sem água.
Anisa ainda perguntou... Senhor, porque Deus não fez muitos saquinhos como o teu?... Haveria menos pobreza.
Alcino disse; sim, Deus fez muitos saquinhos vazios, o povo os enche, para os barrigudos dos padres e bispos retirar tudo de dentro, para eles.