Menino ainda, eu me lancei à luta
Vendendo frutas num carrinho usado
De uma roda só, meio quebrado,
Que pra empurrá-lo era a maior labuta.
Não me envergonho não... porque agora,
Tenho bem mais do que sonhei um dia...
Não é dinheiro não, é a primazia,
De mandar versos pelo mundo afora.
Do meu carrinho-de-mão sinto saudade,
Pois ele me mostrou que, na verdade,
O sofrimento veio me ensinar:
Que, sem mover os pés ninguém caminha;
Que a gente pode ter o que não tinha,
Se for à luta, sem temer lutar.
Sá de Freitas