Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

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Jul 08

 O amor jamais será

      uma moeda de troca,

      um toma lá e dá cá,

      nem algo que se aloca.

      

      Não importa o cenário,

      se  de abundância ou carência,

      o amor supre o precário,

      nos dá sentido à existência.

      

      Esse poema de Camões,

      expressa essa verdade,

      sem  amor não há razões,

      pra nossa  felicidade.

      

      "Sete anos de pastor Jacob servia

      Labão, pai de Raquel, serrana bela;

      mas não servia ao pai, servia a ela,

      E a ela só por prêmio pretendia.

      

      Os dias, na esperança de um só dia,

      passava, contentando-se com vê-la;

      porém o pai, usando de cautela,

      em lugar de Raquel lhe dava Lia.

      

      Vendo o triste pastor que com enganos,

      lhe fora assim negada sua pastora,

      como se a não tivera merecida;

      

      Começa de servir outros sete anos,

      dizendo: - Mais servira, se não fora

      para tão longo amor tão curta a vida!"

      

      Se só o Verbo existia,

      e o  Verbo era Deus,

      foi nessa eterna magia,

      que nos criou  filhos seus.

      

      E sendo esse amor eterno,

      pra vivê-lo intensamente,

      sempre doce, puro e terno,

      é  curta a vida da gente.

      

      O amor não tem dimensão,

      e nem durabilidade,

      sendo atemporal, então,

      seu lastro é a eternidade.

      

      O Amor é um bem sem preço,

      sem custo e sem cobrança,

      não tem sequer endereço,

      pois tem o céu  por herança.

      

      Jamais será objeto,

      de um ato comercial,

      pois não se compra o afeto,

      que é espiritual.

      

      Embora se manifeste,

      em abraços e paixões,

      o amor sempre se veste,

      em eternas dimensões.

      

      Grande, pois, é a diferença,

      entre amar e conviver,

      e nossa maior ofensa,

      é comprar o enternecer.

      

      Se seu direito ao afeto,

      só vem com as contas em dia,

      o amor  fugiu de seu teto,

      deixando sua alma vazia.

      

      Se muda o seu humor,

      quando lhe foge a riqueza,

      não chame isso de amor,

      pois Deus nasceu na pobreza.

      

      Se não recebes carinho,

      por estar desempregado,

      o amor fugiu do seu ninho,

      está num canto jogado.

      

      Se já não tens agilidade,

      nem o calor da juventude,

      como o amor não tem idade,

      não há tempo que o mude.

      

      As contendas dessa vida,

      os altos e baixos tidos,

      jamais fica de  partida,

      o amor dos tempos idos.

      

      Não importa, pois, a aspereza,

      nem os calos do sofrer,

      nada desbota a beleza,

      do amor que se pode ter.

      

      E a Camões volto novamente,

      com a força do seu dizer,

      para dizer tão somente,

      que amar é nosso viver.

      

      "Amor é fogo que arde sem se ver;

      É ferida que dói e não se sente;

      É um contentamento descontente;

      É dor que desatina sem doer;

      

      É um não querer mais que bem querer;

      É solitário andar por entre a gente;

      É nunca contentar-se de contente;

      É cuidar que se ganha em se perder;

      

      É querer estar preso por vontade;

      É servir a quem vence, o vencedor;

      É ter com quem nos mata lealdade.

      

      Mas como causar pode seu favor

      Nos corações humanos amizade,

      Se tão contrário a si é o mesmo Amor"?

       
Bernardino Matos.

publicado por SISTER às 07:45

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