Minha Terra tem palmeiras!
Onde se canta a música dos poetas.
Fácil do poeta dizer...
Faz-me um poema!
Todo poema ensina.
As palavras são poetas;
As massas, atores imaginativos,
Transformadores;
Os personagens, construções poéticas,
Inéditas, capazes, ilustres.
Por isso, existem as indústrias.
As coisas, misteriosas inspirações.
Uso metáfora, meta, determínio.
Luto com o meu domínio,
Incontível, inatingível,
Tudo-nada.
Nada-tudo!
Incomensurável pluralismo!
Eu canto porque as máquinas existem!
A lata contém, ainda, a embalagem intacta.
O poema grita,
Berra, rosna...
O silêncio é para os tolos!
Rasga meus versos, crê na eternidade!
O presente é tão grande,
As ruas espiam os homens,
As casas.
Cada verso que componho agredi
Minha alma e altera meu ser.
Eu canto porque, ainda, existo.
Eu canto porque tenho meu,
Meu motivo:
- Mais nada!
Carlos, Ceci, Azevedo, Pessoa, Abreu cantavam.
O canto é a matéria
Das máquinas! E agora?
A palavra agredi e tão grande é sua volúpia.
Um poema é uma aglomeração de corpos
Que fluem: xilema, floema poético.
Nossos bosques têm mais ferida,
Nossa vida mais cantores.
Terra, e terra dos Parias!
Eu canto, porquê?
As máquinas existem.
Estão prontas para agora – Nada!
É tudo quanto sinto um desconcerto.
Da alma se faz o poeta, da vida um conceito.
Um desconcerto de sangue poético quase vertiginoso
À epiderme interior da poesia,
O silêncio de um louco qual o choro de uma criança.
Quero que meu poema
Lateje ríspidas paixões de um coração
Insatisfeito, mórbido furor em pulsações
Vorazes de culpas, medos & subtrações,
Pensamentos liquefeitos!
Estamos em morbosidade neurótica
Ao se consumir em desejos indomáveis
Até os últimos dias de paupéria poética.
Estou preso à vida! O presente,
Tão grande, mas o olhamos tão pequeno.
Eu canto porque estou ciente, consciente, consistente.
Depois mais maquipoetas,
Mais poetalentosos
Ousarão a estar entes.
O Mundo vático! A lata!
E um dia c – i que estarei multo.
Porque para alguns, nada disso seria possível.
Mas não me venham com conclusões!
A única conclusão é sentir, é viver.
Primum vivere, deinde philosophari.
Eu canto porque o canto é vivo,
E este tempo, é das revoluções,
Das máquinas,
Evolução... passaram-se...
Este agora! Este momento!
Davys Sousa