Que cantem os poetas,
Que digam os loucos,
O que disserem,
Palavra rude ou bandeira,
Esgar ou fonema,
Que cantem,
Não mais calem,
Pois quando a fome é plena
E a desgraça um teorema,
Toda a fonética é pouca,
Para se dizer da voz a boca
Da retorta que há num tema.
Quando o poeta canta
E traz a voz ao homem,
Ou é sorte ou a planta,
Dos versos quando morrem.
Por isso, que cantem os poetas,
Ou digam os loucos,
O que disserem,
Que não há grito, que cale a fome,
Nem palavra, por nosso nome,
Numa criança,
Quando morre.
Jorge Humberto