Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

29
Jun 08

 Palavras de amor em cartas

  Rasguei-as, não as tenho mais

  Por que guardá-las? Melhor ignorá-las

  Foram escritas em tempos de amor

  Amareladas, agora só significam dor...



  Palavras emocionadas, cobertas de paixão

  Anseios desesperados, ricos atropelos de ilusão

  Foram sonhos sonhados, amados, amarrados

  Em festivais de paixão, cheias de intensa emoção

  Jazem agora amordaçadas, entregues à solidão...



          Sempre estamos escrevendo cartas de amor, muitas ou poucas, mas deixando impressos em papéis, retidos tempos de singulares emoções, grandes e intensas épocas que nos marcaram, em nossa vida pessoal, amorosa, sentimental. Nossas chegadas, nossas despedidas, nossas alegrias, nossas verdades, nossas mentiras, nossas destemperanças, nossas expectativas, nossas esperanças, num desfilar de memórias, de inquietudes...

          Quantas vezes, com os sentimentos de desespero, passamos para o papel tudo que está nos machucando, que está nos ferindo, como meio de extravasamento e, de ter também, algo como testemunha daquele momento de dor. Muitas são cartas iradas, amarrotadas, manchadas com gotas de lágrimas que não puderam ser retidas e escoaram, pingando dúvidas, murmurando dores, marcando horrores, delimitando dissabores. E, então, lançamos mãos das palavras, companheiras de todos os instantes, para num alívio de espírito, transbordarmos tudo que está alfinetando nossos corações, fazendo-nos sofrer novamente.... 

          Debulhamos mágoas, registramos momentos, integramos ansiedades, choramos perdas, deliramos alegrias, satisfazemos memórias cantantes, gementes, ardentes, amorosas, delinqüentes... Todas as emoções, passadas para o papel, são símbolos de afetos, saudades, delírios, bem-aventuranças, malentendidos registros.

          Anos se passam, realidades modificam-se, quimeras esboroam-se, feito cartas de baralho manuseadas, marcadas. E aquilo foi transformado em amareladas réstias de palavras, anseios, desilusões. E, como num ímpeto de saudades as relemos, as curtimos recordando a nossa vida passada. Lacônicas impressões toldam nossas mentes e ávidas as desamarramos da nossa coleção e, mais uma vez, revivemos aquelas realidades havidas e sentidas.

          A maioria dessas cartas são as conhecidas cartas de amor, repletas de sensações de emoções de carinho, de amor. As palavras se repetem, pois em âmbito de emoções não temos vocabulários variados, sendo repetitivas as palavras e expressões que as identificam. Com surpresa revivemos carinhos já até esquecidos ou vergonhosamente lembrados, de pessoas que passaram, ficaram e depois se foram para nosso alívio, saudade ou tranqüilidade.

          Cartas de amor, retalhos de dor sentida de alguém, que num vaivem de acontecimentos, mostram saudades de quem era amado, indiferença de quem desrespeitando emoções, fizeram-nos jogados ao chão, desintegrados...

          Rasguem as memórias existidas, os conceitos desmerecidos, as mentiras de quem nada tinha a oferecer. Ao reler, choramos novamente, sofremos de repente, repetindo nosso passado, nossa saudade.

          Cartas de amor são andorinhas que levam e trazem as notícias, mas quando não regressam, deixam tristezas.

          Vamos nos vestir de saudades, com pétalas floridas e perfumadas ao desatarmos os nós das que foram emoções vividas, paixões sentidas, amores reconhecidos. Vamos saudar com elegância nossas saudades, realidades, em prantos as nossas decepções...

Maria Myriam Freire Peres

 

publicado por SISTER às 10:14

Junho 2008
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9


28



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO