Ah, não ser eu, todo o mundo e toda a gente,
dar por dar sem olhar a quem.
E ter como palavra subsequente,
a gratidão, muito além do gesto de alguém.
Ah, não ser eu, o propósito, que é esta nossa vida,
deitar à terra a duradoira semente.
E de ver nos olhos, da ceifeira, comovida,
o fruto que desfolhando vai, leve. levemente.
Ah, não ser eu, a consciência da mulher,
o parto do filho, o nascimento.
É que ser mãe, de há muito tempo requer,
sacrifício e doação, do nado o alimento.
Ah, não ser eu, a criança, que cresce radiante,
na sua eterna busca pelo desconhecido.
E que crescendo, leva-se, deveras adiante,
a aprendizagem, de seu melhor amigo.
Ah, não ser eu, do velho, o conhecimento,
a palavra bem regrada e esclarecida.
E que por aqui não fizesse ninho, o intrépido tempo,
proporcionando uma vida, bem vivida.
Ah, não ser eu, aqui, todos os rejeitados,
vivendo de dogmas e preconceitos.
E que eles fossem doravante poupados,
entregando-lhes em mãos, os seus direitos.
Ah, quem dera, ser isso e mais ainda,
numa perfeita harmonia com a Natureza.
Pois que, para mim, toda a gente é linda,
e esta é e será, para sempre, a minha certeza.
Jorge Humberto