Que saudade é esta que me invade agora,
em que me apoio em minha janela,
parecendo ouvir uma música de outrora,
que no passado marcou a minha vida?
Imagens, cenas, um perfume que não se afasta,
volteiam em minha mente de repente,
devo estar sonhando, isto explica,
esta saudade que me arrasta!
Mas que saudade é esta que me leva ao distante,
trazendo-me recordações, desejos verdadeiros,
como se estivesse voltando o relógio do tempo,
sem que eu possa fazer parar os ponteiros?
Sinto um nó me espreitando o peito,
como se uma voz ao longe, me chamasse,
uma sensação de presença,
num vento que suavemente, sopra a minha face!
Mas que dor é esta que me aperta a alma
como se neste momento eu desejasse
apagar anos da minha vida
e voltar em um tempo que não passasse?
Dói... Dói a alma, o peito, dói a vida!
Quanto tempo eu vivi sem me dar conta
que eu não vivo, eu existo há anos
e esta saudade apenas chora o meu engano!
Célia Jardim