Se pranteiam as rosas, feridas,
pranteia a mão que a acolheu,
perfurada por chagas vivas,
onde o espinho cruel a fendeu.
Choram as rosas, rubras lágrimas...
Sangra a mão, em purpúreas gotas...
No vermelho da rosa chorosa,
no carmim da mão ensangüentada
marcas da vil perfídia vitoriosa.
Jazem a rosa e a mão atormentadas.
Cala-se, respeitoso, o pobre jardim,
onde o perfume ainda se espalha...
Silenciam os pássaros, por verem assim,
o amor revestido de mortalha.
Jorge Linhaça