Sou flor prisioneira
da vida sem amor
eterna passageira
num embate de dor.
Sou flor que esconde
uma ânsia incontida
nem vejo por onde
alegrar minha vida.
Minha alma vagueia
em noites vazias
o olhar serpenteia
em vagas fantasias.
Sou triste sem toque,
de afeto e carinho,
sonhando a reboque,
construir novo ninho.
Sou pele macia e lisa
onde falta o viril afago
sou serpente que desliza
no chão ainda amargo.
Minha boca sempre seca
esqueceu do beijo o sabor
na angústia que resseca
gozos da vida, o sol amor.
Sou uma praia sem areia
sou a onda que se perdeu
nas noites de lua cheia
e no mar agitado feneceu.
Sou uma rosa desbotada
com espinhos a sangrar
sou orvalho na madrugada
de lágrimas a derramar
sou sereia sem o canto
que da solidão padece
ninguém ouve o pranto
de um coração em prece.
Sou mulher pela metade
de ninho há muito vazio
em busca da amizade
que me afaste do frio.
Sou como rio de ilusões
deixadas sós ao relento,
em desveladas pretensões
que nem mais alimento.
Nem a santidade profana
nem a nudez castigada.
Nem a alma que inflama
uma vida já apagada.
Sou ponto que interroga
algum dia serei amada?
Sou um ser que derroga
a esperança malograda.
Num convite encantador
encontrei algo que buscava.
Promessa de muito amor
era tudo que eu mais precisava!
Guida Linhares