Sorriu...
ao sentir-se redescoberta!
Por tanto tempo deixara
que os sonhos ficassem
atrás de brancas nuvens,
às vezes por inconformismo
com os trâmites da vida,
outras vezes por acreditar
que a seu tempo
tudo viria...mas não veio!
Será que faltou a ousadia,
a coragem de buscar o amor,
ou então a prisão
aos conceitos e preconceitos
a deixaram paralisada
e sem ação efetiva.
O tempo foi passando,
e os cabelos começaram
a receber flocos de neve,
enquanto o relógio marcava,
as horas solitárias,
de noites insones
e dias compridos demais,
debaixo do sol forte,
ou em chuvas de lágrimas
enxugadas rapidamente,
pois todos deveriam pensar,
que era uma feliz mulher.
No fundo ela sabia,
que a sua postura satisfazia,
àqueles a quem se acostumara,
em sua vida pacata e linear.
Mas em si mesma,
eram tantos os vazios,
e a desmedida carência afetiva.
Naquela tarde,
despiu-se por inteira,
olhou-se ao espelho,
conferiu o corpo,
acariciou as rugas,
e pensou...
será agora ou nunca mais...
Ela vestiu-se tão linda...
Um vestido branco bordado!
Olhou-se de novo,
sentindo-se capaz,
de quem sabe até,
conquistar um namorado.
Amou-se pela primeira vez,
sentindo-se renascer vitoriosa,
descobrindo-se uma nova mulher,
para se dar por inteira,
amar e se abastecer,
de tudo aquilo
até então negado.
Também, nunca soube fazer a hora,
nunca se desviou do caminho,
nem deitou olhares fora.
Agora,
um novo tempo a acolhe
nos braços da esperança.
Promessas da linha do horizonte,
para novos sonhares,
trazidas por um barquinho,
batizado como AMOR.
Guida Linhares