No mar da vida vamos tecendo lembranças,
de tantas coisas boas e também das ruins.
De tudo aquilo que nos trouxe esperanças,
de sermos felizes como alegres querubins.
Na tábua das marés deitamos os sonhos,
a embalarem dias e noites insones de mim.
A relembrar outros tempos, quiçá risonhos,
quando tudo eram flores de um imenso jardim.
Nas ondas borbulhantes do mar sem fim,
deixamos que as rosas molhassem seu pranto,
ressentido, fragmentado na agonia e por fim,
das sobras do naufrágio, restou apenas desencanto.
Na dinâmica da vida, aberta a janela das ilusões,
mergulhamos os sentimentos agora recuperados.
No caramujo que toca o parapeito das sensações,
vivenciamos alegres momentos de magia eivados.
Ao som das marolas que surgem nas tardes,
escutamos o teu eco de amor que nos chama,
a reviver a plenitude da paixão sem alardes,
em deliciosas doses de um mel em derrama.
Debruçamos na janela, ouvindo a doce melodia,
composta por um romântico coração que palpita.
Com suaves palavras onde expressa a sincronia,
que há de nos envolver, neste querer que excita.
Que sejam nossas escolhas neste mar de emoções,
alvissareiras e prodigiosas em respirar a beleza,
que há de transparecer, abertos todos os porões,
quando fadas e faunos se amarem com real sutileza.
Guida Linhares