Meu carrão envenenado
vermelho, cor de paixão
mil brotinhos do lado
a entregar seu coração.
No cabelo brilhantina
no bolso pente "flamengo"
a calça de boca fina,
o rock que bem me lembro.
Os brotos de saia rodada,
cabelo com laço de fita
lambretas eternizadas
entre a Augusta e a Paulista.
Escurinho do cinema,
chiclé de bola, na boca,
as músicas, um só tema:
nossa juventude louca.
Na tela o James Dean,
Juventude Transviada,
e nossa calça Lee
surrada e desbotada.
O Elvis ia rebolando,
a pelvis, indecente(?),
muita gente imitando...
os velhos com medo da gente.
Os tempos foram mudando,
acabou-se aquela magia,
hoje é o funk mandando
voce ficar atoladinha...
O banco detrás, do carro.
virou a dança da cadeira,
o vício dos nossos cigarros,
virou coisa que dá cadeia.
O inocente chiclete,
virou bola, anfetaminas,
as crianças viraram pivetes,
assaltando em cada esquina.
Jorge Linhaça