Reina , ó poeta, não tenhas medo,
do trono em que agora te assentas.
O que de ti sai, já não é segredo:
Já sobe o cheiro, forte, às ventas.
Reina , poeta, no teu alvo trono,
não tenhas pressa de logo levantar,
Mas, cuidado! Não te pegue o sono,
junto da trampa , não queiras acabar.
O teu reinado traz-te o alívio,
do peso que em vão tu carregavas,
Como tu, reinou um dia Ovídio
Que no seu trono latino sentava,
antes de reinar, seu semblante lívio,
só melhorava, depois que cagava.
Jorge Linhaça