Oiça lá , ó minha fada madrinha,
escusas d'andar assim assustada,
de há muito que não te peço nada,
( ja anda engastada, tua varinha.)
Não vejo magia, que não seja minha,
nem abóboras em coch'encantadas,
a seguir velozes pelas estradas,
a levar-m'o corp'e alma, s'a tinha.
Oiça, fada minha, não te enfades,
de ver-me pois, já nesta vil clausura,
pois pouco falta-me para ser frade
Já tomei do cálice d'amargura,
e se, meu corpo, em febres inda arde,
é por lembrar da mus'a formosura.
Jorge Linhaça