o papel esta aberto como um mapa
a mão inquieta acaricia uma trincheira
o ar cheira diferente fumaça
pó sobre pó
o vento sopra por sobre a barricada
sinos de madeira lamentam
rastejando a chuva se aproxima
a rua , uma prece silenciosa
os versos , meus explosivos
poema, bomba relógio
rimas explodem
salvas intercaladas
palavras estrondam
artilharia pesada ribomba
não existe maior prazer
que simplesmente viver
armas atiram
balas assobiam
ilusões sangram
sonhos acabam
voluntários se alistam
nunca se deve escolher
entre matar e morrer
sobreviver tem finalidade
quando jovem , se aceita a violência
mal que não se evita
pesa nos ossos a inexperiência
passo a passo
cada dia um campo minado
o sangue se espalha na calçada
paredes esburacadas pela selvageria
a guera toma de conta
o tempo sacode a poeira
idosos abraçam a covardia
com galharda sabedoria
generais nunca morrem
se aposentam
a brutalidade dos gatilhos
caminha pelo mundo
apoiada pelas sementes do preconceito
sirenes,clarins,tambores
pontos,vírgulas,exclamações
disparos a esmo
em alguma janela daquele casarão
se esconde um atirador
em algum ponto de onibus
se encontra um mártir
a boca treme...
carlos assis