Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

19
Mar 08

  Aquele que estiver sem pecados
  atire a primeira pedra.
  Jesus.

  Que  me importa saber se o poeta nasceu em Belém? Não são todos os lugares santificados? Que alteração traz para o poema do monte, se ele foi recitado na planície ou no planalto? Ficaria o poeta menor, por não ser filho de Davi? Teria menor valor a sua obra se ele fosse fruto de uma concepção, ou seria isso um ato de humildade que mais o engrandeceria? Na verdade, o bom fruto é invariavelmente nascido de uma árvore boa. Interessa-nos profundamente o que o poeta disse e fez; tudo o mais é secundário, polêmica inócua.

  Os que se apegam a esses detalhes, fantasiando, mistificando ou divinizando a figura do poeta que quis ser o filho do homem, desviam-se da verdadeira substância da boa nova, que são seus ensinamentos. Para nós, o poeta não é Deus e nunca quis que assim o considerassem. Ele foi o Espírito de maior magnitude que nos visitou, em missão específica de nos trazer uma nova visão de Deus. Ele é o farol da Humanidade, o modelo de perfeição a ser seguido e imitado. Daí a ser Deus a distância é incomensurável.

  "Por que me chamais de bom? Bom só Deus o é". "Na casa do meu Pai há muitas moradas". "Olhai as aves no céu, não semeiam nem ceifam, mas nosso Pai Celestial as alimenta". Dezenas de vezes, em sua obra poético-moral-filosófica, Jesus denominou-se filho do homem; portanto, filho de Deus, como qualquer um de nós. Um irmão nosso mais experiente, mais sábio, de maior destaque na evolução espiritual. Alguém conhecedor profundo das leis que regem o planeta, um cientista sideral, um dirigente de mundos, um coordenador responsável pela evolução de um planeta, plasmando com seu amor a beleza que o sustentará.

  Foi nessa condição, de responsável pela criação e evolução da Terra, que Jesus nos visitou em corpo e Espírito, sem derrogar as leis (Não vim destruir a lei), inclusive as genéticas. Sabia que iria sofrer, desde as intempéries e agressões do meio, até a ignorância de seus irmãos. Mas poeta não se intimida com sofrimento, faz dele mais um motivo de inspiração para sua arte. E veio das estrelas. Não é onde moram os poetas? E trouxe o poema do amor maior para a Terra. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos". "Bem-aventurados os misericordiosos, porque obterão misericórdia". Ah! Poeta. Pastor divino, médico de nossas almas, companheiro de todos os instantes, a fome de justiça ainda é a maior entre nós. Sem justiça, nunca haverá o afago da paz. Ajuda-nos em nossa fragilidade. Ensina-nos a nos esquecer de lembrar de você apenas no Natal, para levá-lo conosco em qualquer caminho, mesmo o da prisão ou da morte por amor à Justiça. Poeta! Às vezes acordamos com saudade de você. Até parece que um dia o conhecemos. No entanto, sabemos que essa sensação é por associá-lo a um pôr-do-sol, uma flor, uma chuva... Sabemos que não voltarás fisicamente para nós em nossa casa. Como poderia vir, se estará conosco até o final dos séculos? Está conosco em Espírito e verdade e isso é tudo. Caso você retornasse fisicamente e fosse para um templo espírita, muitos atirariam pedras, e embusteiro seria o seu nome. Mas se optasse por ir a uma igreja, outros templos enviariam protestos, e farsante seria o seu nome. Caso nao se definisse por uma religião (rótulo) qualquer, a grande maioria o acusaria, e mistificador seria o seu nome. Você teve muitos nomes: místico, profeta, carpinteiro, filho de Deus... mas para nós, você sempre foi o poeta da vida. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". A sua obra é um hino à vida. Corram os anos, dobrem-se os sinos sobre infinitas sepulturas, nesse trespassar de berço e túmulo, você será sempre o nosso poeta favorito.

  "Dai a César o que de César e a Deus o que é de Deus". É ainda a Justiça, o respeito aos direitos de cada um a pedagogia cativante do amor ao próximo. Todos temos direitos e deveres. É preciso que os pratos da balança se equilibrem, assim como Deus faz com o Espírito do homem, obedecendo a proporção entre o fardo e o ombro. É a compaixão. "Qual de vós que tendo cem ovelhas e perdendo uma, não deixa as 99 e vai atrás da ovelha perdida?" Ninguém está órfão da lei de amor. Embora, muitas vezes, sem ser notado, o amor lhe siga os passos exercendo a função que lhe é própria: amar.

  É a solidariedade. "Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei". É a dor. "E deram-lhe chicotadas... e puseram-lhe espinhos". É o perdão. "Pai! perdoa-lhes pois não sabem o que fazem" É a morte. "E um soldado lhe cravou a lança" É a vida. "Olha as minhas mãos! E Tomé as tocou". Poeta! acho que nunca saberemos o que foi feito com o seu corpo. Um corpo morto se decompõe e seus elementos voltam à terra. É o pó que volta ao pó. Mas que nos importa isso? Você provou a existência do corpo espiritual, o mesmo com que aparecia em ambientes fechados e, às vezes, sob aparência não identificada pelos próprios discípulos. Depois você se foi de vez para a sua estrela, de onde vela por nós. E a sua cruz, antes tida apenas como instrumento de flagelação, passou a ser luminoso sinal de ascensao para mundos felizes.

  Nós nos veremos um dia, poeta! Um dia em que o som seja de flauta, o branco seja neve e o amor dos homens haja destruído todos os punhais. Um dia em que possamos ouvir de você:

  "A felicidade já é deste mundo".

  Luiz Gonzaga Pinheiro

publicado por SISTER às 06:49

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