Ah! Gente, cá estou eu
num palco improvisado...
Na solidão da minha triste rua,
observando tudo calado!
Ah! Gente, a coruja é quem me espia
no alto do poste em fraca luz...
O seu pio me arrepia a pele e
o cantar do vento me seduz!
Ah! Gente,
um cão late tão distante...
Outro, cá a responder!
Os vagalumes pintam olhos,
nos capins do escurecer!
Ah! Gente, aí que entra o poeta
nesta nostalgia sem fim...
Solta do peito o verso que empresta,
do poeta que há em mim!
Encontro flores esparramadas,
pelas frestas das sarjetas...
Que só aparecem nas madrugadas,
orvalhadas e bestas!
Ah! Gente, algo em comum?
No amanhecer, sou o cidadão
que trabalha o dia todo,
defendendo o suado pão...
Ah! Gente, quando chega a noite,
ela me infesta!
Deixo o outro descansando,
transformo-me, assim, no poeta!
Neste palco improvisado,
observo tantas coisas...
Um casal de paturis apaixonados,
o revoar das mariposas!
Ah! Gente, as lagartixas e curiangos,
os cometas cortando o céu...
Na vitrola me parece uma música baixinha,
cantada por Carlos Gardel?
Vem de onde?
Parece-me de uma velha sonata...
Das tantas casas da minha rua,
onde os grilos fazem serenata!
Ah! Gente, cá estou eu num palco
improvisado,
na solidão da minha triste rua,
observando tudo calado!
A sapaiada na lagoa,
um coral na escuridão sem fim,
chamando chuva e meu filho dorme,
guardado por um querubim!
Ah! Gente, a lua também dorme no chão?
Essa não! Em noite tão fria?
No horizonte com labaredas de mata queimando,
a vida que lá existia...
Fumaça preta no amanhecer,
do homem comum que levantou...
Versos tristes guardou o poeta,
poesia que não vingou!
Contraste de morte e vida
no palco da minha rua...
Ah! Gente, que dorme agora,
um dia a noite estará nua!
Sem vida...
Sem lua!
Sem rios e matas...
Somente esta triste rua,
gemendo na triste sonata!
Haverá outro poeta
ou também estará dormindo,
na despedida da vida que ninguém vê
e em breve estará partindo?
Ah! Gente, acorda!
Ah! Gente, acorda!
Ninguém estaria me ouvindo?
Até por questão de respeito
à vida se despedindo!
José Geraldo Martinez
num palco improvisado...
Na solidão da minha triste rua,
observando tudo calado!
Ah! Gente, a coruja é quem me espia
no alto do poste em fraca luz...
O seu pio me arrepia a pele e
o cantar do vento me seduz!
Ah! Gente,
um cão late tão distante...
Outro, cá a responder!
Os vagalumes pintam olhos,
nos capins do escurecer!
Ah! Gente, aí que entra o poeta
nesta nostalgia sem fim...
Solta do peito o verso que empresta,
do poeta que há em mim!
Encontro flores esparramadas,
pelas frestas das sarjetas...
Que só aparecem nas madrugadas,
orvalhadas e bestas!
Ah! Gente, algo em comum?
No amanhecer, sou o cidadão
que trabalha o dia todo,
defendendo o suado pão...
Ah! Gente, quando chega a noite,
ela me infesta!
Deixo o outro descansando,
transformo-me, assim, no poeta!
Neste palco improvisado,
observo tantas coisas...
Um casal de paturis apaixonados,
o revoar das mariposas!
Ah! Gente, as lagartixas e curiangos,
os cometas cortando o céu...
Na vitrola me parece uma música baixinha,
cantada por Carlos Gardel?
Vem de onde?
Parece-me de uma velha sonata...
Das tantas casas da minha rua,
onde os grilos fazem serenata!
Ah! Gente, cá estou eu num palco
improvisado,
na solidão da minha triste rua,
observando tudo calado!
A sapaiada na lagoa,
um coral na escuridão sem fim,
chamando chuva e meu filho dorme,
guardado por um querubim!
Ah! Gente, a lua também dorme no chão?
Essa não! Em noite tão fria?
No horizonte com labaredas de mata queimando,
a vida que lá existia...
Fumaça preta no amanhecer,
do homem comum que levantou...
Versos tristes guardou o poeta,
poesia que não vingou!
Contraste de morte e vida
no palco da minha rua...
Ah! Gente, que dorme agora,
um dia a noite estará nua!
Sem vida...
Sem lua!
Sem rios e matas...
Somente esta triste rua,
gemendo na triste sonata!
Haverá outro poeta
ou também estará dormindo,
na despedida da vida que ninguém vê
e em breve estará partindo?
Ah! Gente, acorda!
Ah! Gente, acorda!
Ninguém estaria me ouvindo?
Até por questão de respeito
à vida se despedindo!
José Geraldo Martinez