Significava uma total descontração
a fantasia sem medida e colorida,
de ser quem queria ser sem punição,
o batuque inicial já me envolvia desinibida.
Entrava sambando na avenida
e não havia nada de abstrato mas,
o melhor que há num pleno anonimato,
sentindo todo delírio de um estrelato.
Com o enredo cantando nessa hora
parecia que revivia minha estória de ilusão,
Colombina que fui, Cigana do mundo afora,
a Nega Maluca, a Maria Bonita de Lampião.
A bateria eu ouvia, da Escola, bater o coração,
no choro das cuícas, no rufar dos tamborins,
com os pandeiros a reservar sofreguidão,
todos marcados, belo batuque o bater do bumbo,
que no adequado compasso especial,
como se manejado por cacique tupiniquim,
para que no samba ninguém atravesse,
oferece o seu inequívoco sinal retumbo.
Assim vivi carnavais sem outro igual,
cantei e sambei sambas imortais
como cantou a lira do poeta, sem ais,
"um verdadeiro sanatório geral,
que se chamava carnaval"...mas passou,
numa quarta-feira da velhice, sonho acordou,
porém no versejo minha voz ainda solta,
volta meu tempo de folia, por obséquio, volta!
Gui Oliva