Sonho verde e sem um lema
nesse esquema contradito,
louvo o mito e a voz suprema
só blasfema em tom restrito.
Sonho verde e faço planos.
Sem enganos traço o rumo.
Sempre assumo meus arcanos
e aos insanos me acostumo.
Sonho verde e meus encantos
em recantos de ternura,
na censura dos meus prantos
colhem mantos de amargura.
Sonho verde, sem quimera,
nessa espera saturante,
e oscilante, a primavera ,
faz-se mera visitante.
Sonho verde, mostro o riso
indeciso e mal treinado,
derrotado de improviso
pelo siso do passado.
Sonho verde, viso o Norte
sem a sorte e sem temor.
Com ardor engano a morte!
Passaporte é sem valor.
Sonho verde e a nau liberta
só desperta no infinito.
O Bendito, já em alerta,
acoberta o circunscrito.